A entrada de Marco Silva para o Sporting, ocupando a vaga deixada por Leonardo Jardim em Alvalade, é a sétima mudança de comando técnico já confirmada nas equipas que, na próxima época, vão disputar o escalão principal – nona, se incluirmos nesta lista as mudanças já anunciadas pelos promovidos da II Liga, Moreirense e Penafiel.

Mesmo que daqui até ao início da temporada não volte a haver mais mexidas de treinadores, há já uma certeza: a «dança das cadeiras» voltou em força, atingindo números que já não se verificavam desde 2010, ano em que nove clubes da primeira Liga aproveitaram o verão para mudar de técnico.

Para já, Benfica, Nacional, Académica, V. Guimarães, Arouca, Gil Vicente, Belenenses e Paços de Ferreira são os clubes que não deram sinais de avançar para a mudança - em alguns destes a permanência dos atuais treinadores é uma certeza, e em outros decorrem negociações para renovação.

Analisando os números da última década, desde o verão de 2004 para cá, notava-se, até esta temporada, um decréscimo na frequência com que os clubes mudavam de treinador. Considerando apenas as equipas que permaneciam no escalão principal (15, nas Ligas com 18 equipas, 14 nos campeonatos a 16), o hábito que vinha de trás era o de mais de metade mudar a liderança no verão. Foi o que aconteceu em 2004, 2005 e 2006 com oito equipas a escolherem novos treinadores e sete a apostarem na continuidade.

O verão de 2007, entretanto, marcou um ano de viragem na política desportiva dos clubes portugueses: apenas dois – Marítimo e V. Setúbal - mudaram de treinador, com os restantes, três grandes incluídos, a manterem a aposta nos homens que terminaram a temporada (Fernando Santos na Luz, Jesualdo Ferreira no Dragão e Paulo Bento em Alvalade).

Este não foi o único defeso em que os três grandes mantiveram treinadores: no verão de 2012, Benfica (Jorge Jesus) FC Porto (Vítor Pereira) e Sporting (Sá Pinto) prosseguiram com os homens que tinham terminado a temporada. Já o verão de 2004, por contraste, foi o ano em que, pela última vez, os três grandes mudaram em simultâneo de treinador.

Os restantes clubes seguiram-lhes o exemplo, já que apenas três (Sp. Braga, P. Ferreira e Rio Ave) mudaram de líder. Aliás, não deixa de ser significativo que os defesos com menos mudanças de comando técnico são também aqueles em que os grandes optam pela continuidade. Foi assim em 2007 e em 2012, reforçando a ideia de que, tanto no mercado de jogadores como de técnicos, são os grandes que marcam o ritmo da dança.

Refira-se, por fim, que num futebol onde os trabalhos a prazo são uma miragem, a permanência de Jorge Jesus no Benfica (cinco épocas completas, desde o verão de 2009) é uma exceção notável, que faz do atual treinador encarnado, a larga distância, o treinador há mais tempo no mesmo posto de entre os clubes da Liga – Rui Vitória, no V. Guimarães desde 2011 é o senhor que se segue, e está bem encaminhado para prolongar a marca, visto que já renovou por mais três anos. Jorge Jesus já tem o segundo consulado de sempre na história do Benfica, uma vez que desde o início da Liga só o húngaro Janos Biri esteve mais anos consecutivos a liderar a equipa – oito, entre 1939 e 1947.

As mudanças já confirmadas:
Sporting- Sai Leonardo Jardim, entra Marco Silva
FC Porto- Sai Luís Castro, entra Lopetegui
Sp. Braga- Sai Jorge Paixão/sucessor ainda não confirmado
Estoril- Marco Silva/sucessor ainda não confirmado
Marítimo- sai Pedro Martins, entra Leonel Pontes
V. Setúbal- sai José Couceiro/sucessor ainda não confirmado
Rio Ave- sai Nuno Espírito Santo, entra Pedro Martins

Benfica, Nacional, Académica, V. Guimarães, Arouca, Gil Vicente, Belenenses e P. Ferreira mantêm até ver os respetivos treinadores.

As mudanças nos últimos 10 anos

Verão de 2004 (8 clubes mudam, 7 mantêm)*
2005 (8/7)
2006 (8/7)
2007 (2/12)
2008 (9/5)
2009 (6/8)
2010 (9/5)
2011 (4/10)
2012 (3/11)
2013 (6/8)

*Considerados apenas os clubes que permanecem no escalão principal de um ano para o outro