Realizou-se esta quarta-feira a Conferência Sports Marketing 09, apresentada pelo Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) na Alfândega do Porto. O encontro contou com a presença dos irmãos Carlos e Daniel Sá, o brasileiro Robert Fernandez, o português Carlos Liz e o americano, especialista mundial da área, William Sutton.
O tema principal da Conferência traduziu-se na ligação do Marketing ao Desporto, para fazer face à crise no sector desportivo. «Não tenho dúvidas de que os grandes clubes português vão, mais tarde ou mais cedo, deixar de ser portugueses», diz o especialista Daniel Sá.
Marketing aumenta o interesse do desporto
O bloco da conferência a cargo de Daniel Sá iniciou-se com um vídeo dos «Lobos» do Rugby a cantar o hino nacional. Foi o melhor exemplo encontrado pelo professor do IPAM para mostrar como o marketing está relacionado com o desporto e como pode ajudá-lo a ser melhor: «quem viu a garra da selecção nacional de Rugby naquele momento passou a interessar-me muito mais pela modalidade.»
Para William Sutton, há soluções simples para fazer com que os clubes consigam melhorar a sua imagem. «Há que ter a certeza que [a entidade ou personalidade desportiva] é a estória, tem que aparecer como a estória. O poder está nas relações que estabelecem com os media», afirmou o especialista norte-americano.
Relativamente ao futebol, Daniel Sá avançou com uma constatação clara para o futuro de curto-médio prazo do desporto-rei neste ambiente de crise, à luz dos marketeers. «Não tenho dúvidas de que os grandes clubes portugueses vão, mais tarde ou mais cedo, deixar de ser portugueses. Nesta conjuntura é quase inevitável que apareça um milionário estrangeiro a apoderar-se dos emblemas. Resta saber qual é o primeiro», lançou o fundador do Gabinete de Estudos de Marketing para o Desporto.
«23 razões para não ir aos estádios»
Este interesse de quem tem dinheiro no desporto-rei tem explicações sociológicas. «Há um culto dos heróis desportivos, muitas vezes em exagero» começou por dizer Carlos Sá, não evitando uma piada a respeito do «herói» Lucílio Baptista que deixou a plateia de sorriso na face.
Segundo o co-autor do estudo Sports Marketing, há comprovadamente «23 razões para as pessoas não irem aos estádios ver futebol», mas várias outras para irem, o que exige um estudo aprofundado por parte de quem gere as marcas e deseja intervir no sector. «É cada vez mais difícil padronizar o consumidor» à custa da mudança dos tempos e da forma de cada um encarar a crise, explicou Carlos Sá, antes de dar o seu próprio exemplo com humor. O orador é «adepto do Sporting e sócio do Benfica, mas admito que a melhor equipa nacional é o FCPorto.» Cristiano Ronaldo é, segundo o conferencista, «o produto português mais conhecido do mundo e o melhor.»
«Como diria o outro, prognósticos só no fim»
Entre marketing e futebol, a relação não é simples e os oradores fizeram questão de frisar as particularidades. «Parafraseando alguém conhecido do futebol português, prognósticos só no fim. No marketing, como no jogo, é impossível prever com certeza os resultados. O ideal no marketing desportivo é conciliar resultados desportivos com boas receitas de gestão», comunicou Carlos Sá.
Robert Alvarez Fernandez, especilalista brasileiro em marketing desportivo, encerrou esta temática. Para Fernandez, «o desporto é uma boa ferramenta de comunicação mas não está bem aproveitada. A publicidade morreu, ou quase morreu. Está a definhar rapidamente. Agora a moda é o patrocínio, mas ainda assim mal aproveitado pelas marcas.»
A audiência, munida de cartões amarelos, vermelhos e azuis aproveitou para demonstrar a concordância ou discordância, promovendo a interactividade ao longo da manhã.