Três nomes em foco nas últimas semanas merecem-me outras tantas apreciações. Ei-los:

Mário Jardel

Um jogador do F.C. Porto descrevia-me no Algarve o seu comportamento em treino: esforço quanto baste, tranquilidade a roçar a passividade, nula ambição na procura dos seus limites. Quando os aspectos metodológicos evoluíam no sentido competitivo e as balizas entravam como elemento motivador do exercício aparecia o predador acompanhado dos golos.

Não duvido: este é o Jardel que eu vejo no jogo, este é o Jardel que nunca convenceu um grande da Europa.

Foi observado na Liga portuguesa por inúmeros técnicos de diferentes proveniências e, tal como a mim, nas primeiras impressões não convenceu: aparente lentidão e descoordenação, aparentes deficiências e limitações de índole técnica, aparente fragilidade psicológica e apatia. Aparente, repito, aparente!

Jardel é um jogador especial. Sabe tudo relativamente aos aspectos tácticos nos 16 metros. Tem uma gama impressionante de recursos técnicos na finalização. Mentalmente, apresenta a necessária obsessão pelo golo. Tudo isto faz dele um goleador em vias de extinção.

Lamento, pelo F.C. Porto e pelo futebol português, a sua saída. Lamento por ele que Louis Van Gaal já não seja o treinador do Barcelona. Se ainda estivéssemos no Barça, Jardel provavelmente não estaria em Istambul: convenceu-nos.

Dani

Na minha estreia como cronista neste espaço lamentei a ausência de Dani no último Europeu. Algumas semanas mais tarde espero com ansiedade a concretização do seu regresso ao futebol português.

Alguém tem de dizer-lhe, frontal e objectivamente, que pior do que não ser talentoso é não utilizar o seu incrível potencial. E que o reconhecimento mundial e a auto-estima são incomparavelmente mais importantes do que a admiração da população teenager.

Dani tem um potencial técnico fantástico, fisicamente dotado com características decisivas ao nível da velocidade de reacção e coordenação, tacticamente culto e preparado para a multiplicidade de solicitações do jogo de hoje.

Com permissão dos leitores, deixo-lhe aqui um recado em discurso directo: Dani, revolta-te enquanto é tempo, e o momento para essa revolta interior é já! Exterioriza ao mundo desportivo, mas especialmente a ti próprio, as tuas capacidades e ambições. Sorte!

Rodrigo Fabri

A última contratação do Sporting (será a última?) deixa-me expectante. Não duvido da sua capacidade em consequência do conhecimento que possuo das suas qualidades, evidenciadas numa Liga de risco como a espanhola.

A expectativa resulta somente daquilo que no Sporting esperam dele. Rodrigo é esquerdino, tem visão e passe, cruza bem, sabe o que faz no um contra um, mas... não é um extremo. Rodrigo é um daqueles jogadores que assentam a alegria e confiança na liberdade táctica. E é da sua liberdade que floresce a capacidade de criar e dinamizar um processo ofensivo.

Rodrigo hibernou no Real Madrid, onde a liberdade era oferecida a Raúl e companhia. Explodiu no Valladolid, onde conquistou o seu espaço como estrela maior. E no Sporting? A extremo, ou entre as linhas?