O Sevilha venceu a décima edição do Troféu Cinco Violinos ao bater o Sporting no desempate por grandes penalidades (6-5), depois de um empate 1-1 no final do tempo regulamentar. Um leão com duas faces bem diferentes. Uma primeira parte em que se submeteu à pressão da equipa de Julen Lopetegui e em que raramente conseguiu sair a jogar, ao ponto de ter deixado Ruben Amorim irritado. Depois, uma segunda parte bem melhor, com os leões a conseguirem ter bola e a chegarem mais vezes à frente e a conseguirem o empate com um grande golo de Paulinho. Pelo meio, Marcos Acuña, ao seu melhor estilo, provocou um verdadeiro reboliço em Alvalade e deixou o relvado sob uma enorme assobiadela. No final, foi o Sevilha, com melhor pontaria nos penáltis, que levou o troféu para casa.
Duas equipas qualificadas para a Liga dos Campeões que se apresentaram em Alvalade com ataques muito móveis, mas com um Sevilha claramente num patamar acima, com mais posse de bola e a prender os leões junto à sua área. Julen Lopetegui estudou bem o adversário e a sua equipa entrou a mandar no jogo, fechando todos as saídas que Ruben Amorim costuma recorrer para sair a jogar. O Sporting, habitualmente com três centrais, defendia com uma linha de cinco e os restantes jogadores de campo estavam muito longe de honrar os nomes dos cinco violinos que o troféu pretendia homenagear. Um onze fiel aos posicionamentos e movimentos da última época, apenas com Francisco Trincão no lugar de Pablo Sarabia.
O Sporting até se fechava bem em termos defensivos, mas quando ganhava a bola, não conseguia passar à fase de construção, face à intensa pressão do adversário. O Sevilha, uma das equipas com mais posse de bola da liga espanhola, a par do Barcelona, fechava de imediato todas as saídas, com Rakitic, Fernando e Oliver Torres a cair de imediato sobre a bola. Um cenário que repetiu-se vezes sem conta até ao golo do Sevilha, aos 15 minutos. Mau passe de Adán, Ugarte falhou na marcação a Óliver Torres, Matheus Reis ficou a pedir fora de jogo de Jesus Corona, mas Tecatito, rapidíssimo, destacou-se na área e marcou como quis. O mexicano já tinha marcado um golo pelo FC Porto em Alvalade, esta noite voltou a festejar.
Nesta altura Ruben Amorim já tinha mandado Morita aquecer e o japonês foi logo a seguir a jogo, para o lugar de Ugarte que se terá queixado de problemas físicos. A verdade é que, com Morita, o Sporting passou a ter mais espaço em campo ou, pelo menos, a jogar mais longe da área de Adán. O jogo ficou mais equilibrado, mas o Sevilha, agora com um ritmo mais baixo, continuava a chegar com facilidade ao último terço, com os laterais Jesus Navas e Acuña a descerem com facilidade pelos corredores. A fechar a primeira parte, Nuno Santos teve o empate nos pés, na sequência de um pontapé de canto, mas atirou por cima da trave.
Leões a crescer e Acuña provoca um reboliço
Ruben Amorim foi para o balneário com muito para dizer aos seus jogadores. A verdade é que o Sporting voltou com uma nova atitude. O Sevilha fez sete mudanças no onze e quase marcou no primeiro lance do jogo, com Suso a escapar pela esquerda e a cruzar para o remate de En-Nesyri à figura de Adán. Um susto, mas logo a seguir, os leões pegaram no jogo. A equipa espanhola ainda estava a adaptar-se às muitas alterações promovidas por Lopetegui e o Sporting conseguiu finalmente ter posse de bola e jogar junto da área do Sevilha, com Paulinho, a passe de Porro a ficar a centímetros do empate com um remate acrobático.
Foi neste período que Marcos Acuña provocou um reboliço em Alvalade. Tudo terá começado com um gesto de pouco fair-play do argentino que levou Bruno Tabata a saltar do banco. Gerou-se um sururu no relvado e Lopetegui procurou, desde logo, serenar os ânimos, retirando o inconstante argentino do jogo. Alvalade brindou Acuña com uma monumental assobiadela e o jogo prosseguiu com o Sporting por cima. Pedro Gonçalves esteve perto de marcar, Matheus Reis também teve uma oportunidade, na sequência de um canto, e Porro arrancou aplausos com um lance em drible.
O Sporting começava a encantar e Amorim lançou para a contenda Marcus Edwards, o novo número dez, e ainda o reforço Rochinha. O jogador inglês teve uma oportunidade soberana, depois de contornar Dimitrovic, mas foi Paulinho que, já depois de uma série de oportunidades desperdiçadas, levantou o estádio com um grande golo a oito minutos do final. Grande passe de Pedro Gonçalves para o remate do avançado na passada.
Já perto do final, ó árbitro António Nobre chegou a assinalar uma grande penalidade favorável aos leões, por uma suposta falta de Pablo Pérez, mas a penalização foi anulada depois do árbitro rever as imagens. Os leões ainda fizeram um esforço final para chegar à reviravolta, mas o troféu foi mesmo decidido nos penáltis.
Neste último capítulo, o Sevilha não falhou, enquanto Fatawu, no último pontapé, acertou com estrondo na trave. Estava decidido.
O Sporting conseguiu uma boa reação no segundo tempo, mas deixou claro que tem ainda muito trabalho pela frente até ao início da época. Para o próximo sábado está marcado o último teste frente ao Wolverhampton de Bruno Lage. Depois já será a sério, com uma difícil deslocação a Braga a abrir a Liga 2022/23.