Ultrapassado o próximo fim-de-semana entramos todos em modo Seleção. Vem aí a Suécia, vem aí Ibrahimovic e a enorme montanha que a equipa de todos nós terá de subir para poder chegar ao Mundial do Brasil. Dois jogos de sofrimento, indefinição e, esperamos, de satisfação pelo objetivo alcançado. Ninguém gostou que o sorteio nos colocasse os suecos pela frente, mas agora só podemos pensar neles. Que venham eles.

E que venha Ibrahimovic, um dos poucos terrestres que pode almejar bater à porta do Olimpo onde residem Messi e Cristiano Ronaldo. O avançado do Paris Saint-Germain está recuperado da lesão que chegou a assustar nos últimos dias e esta semana até salvou a sua equipa de uma humilhante derrota com o Anderlecht em casa. Um golo bastou para travar o impeto de uma das piores equipas da presente edição da Liga dos Campeões.

Mas, mais do que a vontade dos belgas em fazerem a gracinha, Zlatan irritou-se verdadeiramente com o bigode de Sacha Kljestan, como contou o médio no final do jogo ao jornal belga Het Nieuwsbald. «Depois de uma disputa de bola perfeitamente normal, Ibra virou-se para mim e provocou-me, gozando com o meu bigode. Disse-me que o bigode era realmente terrível. Eu respondi que ele devia preocupar-se com o seu nariz (risos)», revelou o internacional americano.

Primeiro: Nenhum jogador usa bigode nos dias de hoje Mas Kljestan usa e, pelos vistos, com um certo orgulho. De nada lhe terá valido o impeto capilar, pois não só permitiu que Ibrahimovic marcasse um golo, como ainda foi expulso aos 82 minutos, por acumulação de cartões amarelos.



Sacha nasceu na Califórnia, mas é filho de bósnios sérvios, de Sarajevo. Fez a sua carreira nos Estados Unidos até 2010, onde representou o Orange County Blue Star e o Chivas USA, antes de se mudar para Bruxelas. Esta é a quinta época no Anderlecht e também a mais produtiva, dado que já marcou sete golos no campeonato. É, aliás, o melhor marcador da equipa. Internacional pelo seu país, tem presença garantida no Mundial do Brasil.

(Não foi a primeira vez que o sueco teve uma altercação com um internacional americano. Em 2010, quando Onyewu era seu colega no Milan, envolveram-se fisicamente, Ibrahimovic chegou a dizer que lhe tinha partido uma costela e que «quase se tinham matado»)

O bigode de Kljestan já era uma espécia de imagem de marca antes deste incidente. Quando jogou com o Benfica em setembro, na Liga dos Campeões, o americano não tinha bigode, mas fazendo juz ao movimento «Movember» já surgiu em Paris com o seu aspeto normal.

Apesar das boas intenções do «Movember», um movimento que pede a todos o homens do mundo que deixem crescer um bigode com o objetivo de angariar fundos e aumentar a consciência sobre questões de saúde masculina, não se conhecem muitos jogadores na atualidade que usem esta pilosidade na face. Há muitos, cada vez mais, com barba, mas são escassos os que se ficam pelo bigode. Deixou de haver aqueles bigodes imponentes como os de António Oliveira, Toni ou Chalana. Ou aquele de Artur Jorge. Os poucos resistentes não são jogadores, mas treinadores, como Manuel Machado, Vítor Oliveira ou o professor Neca. Também os presidentes Luís Filipe Vieira e Isidoro Sousa (Olhanense) mantêm a tradição.

Em tempos, o Maisfutebol organizou um top-ten dos bigodes no futebol mundial e até foi mais longe, elaborando uma lista dos 23 melhores bigodes para o Campeonato do Mundo de 2010. Não seria fácil fazer esse exercício nos dias de hoje, a não ser que Bruno Alves e Pepe deixem crescer os seus bigodes e se imponham perante Ibrahimovic. Tirá-lo do sério nunca foi má ideia, desde que ele não se decida vingar na baliza de Rui Patrício.

Para ti Zlatan fica o aviso de um barbudo: Bigodes ao poder!

«Um domingo qualquer» é um espaço de opinião quinzenal do jornalista Filipe Caetano