Super Bowl 2014.
 

Confesso: sou fã do futebol americano. É uma coisa mais ou menos recente, mas não desgruda do meu pensamento. Claro que gosto mais do nosso futebol, claro que não tem comparação, mas o que me agrada no outro futebol não é meramente a tática, mas a estética. E essa estética é algo que tem mais a ver com Hollywood do que com os fundamentos a que estamos habituados.

O futebol americano, aquele que é jogado a nível profissional e organizado pela NFL (uma espécie de UEFA mas ainda com mais poder), cresceu como um produto que é acima de tudo um espetáculo que movimenta muito milhões de dólares e as maiores audiências televisivas. Na noite do próximo domingo para segunda-feira joga-se a final do campeonato e na América não se fala de outra coisa.

Na Europa há muitos milhões de adeptos da modalidade e Londres até já recebe jogos do campeonato (como tive oportunidade de assistir há poucos meses). Em Portugal vai crescendo a comunidade de seguidores, mas claro que esta relação com a modalidade é distante e muito alimentada por essa componente de espetáculo.

Se nunca viu um jogo de futebol americano, de certeza que já ouviu a expressão Superbowl (o nome dado à final), nem que seja pelos espetáculo musical ao intervalo, sempre com grandes estrelas mundiais, ou até pelos anúncios publicitários que se tornam muitas vezes notícia pela inovação. O Superbowl é um fenómeno de alcance mundial, mas não é difícil reconhecer que fora dos Estados Unidos raramente é explicado quem venceu, qual foi o melhor jogador e como decorreu o desafio dentro de campo.

Para a história ficam momentos como este de Michael Jackson, em 1993, quando fundo a tradição de espetáculo musical ao intervalo.



A 48ª edição do Superbowl tem sido falada mais do que é habitual. Porque é em Nova Iorque e o tempo pode não ajudar, porque a Scarlett Johansson fez um anúncio para passar ao intervalo do jogo que se tornou polémico, porque os bilhetes têm um preço exorbitante. Mas nas televisões portuguesas não vi ninguém falar em Payton Manning ou Russel Wilson, ou seja, nos quarterbacks dos Denver Broncos e dos Seattle Seahawks, respetivamente. Seria como haver uma final da Liga dos Campeões entre o Barcelona e o Real Madrid sem falar de Messi e Ronaldo.

E é com esta realidade que, pelo menos por enquanto, temos de viver. Não há qualquer problema nisso, até porque no dia seguinte ao jogo vai voltar a haver notícias, provavelmente sobre o espetáculo musical de Bruno Mars ou sobre a neve que caiu ou não caiu (prevê-se que à hora do jogo estejam 4 graus centigrados de temperatura ou talvez menos).

Para nós, os fãs deste desporto, será o maior do jogo do ano na cidade mais carismática da América (bem, o jogo não é bem em Nova Iorque, mas em Nova Jérsia, no Estádio Metlife, casa dos NY Jets e dos NY Giants). Frente-a-frente as duas melhores equipas da época regular, o que acaba por ser quase uma raridade na história do Superbowl. Os fãs mais ruidosos (dos Seahawks) contra a equipa que tem um dos jogadores mais carismáticos da história deste desporto, o quarterback Payton Manning, que aos 37 anos procura conquistar o seu segundo anel de campeão.

Houve quem pagasse mais de dez mil dólares por um lugar no estádio, mas ainda que seja uma esperiência única ver o Superbowl ao vivo, talvez a melhor opção seja mesmo assistir ao jogo em casa ou num espaço público, como um café ou um restaurante, de preferência com amigos. A FOX, canal de televisão responsável pela transmissão, já prometeu a maior cobertura de sempre e montou 50 câmaras para que nenhum pormenor passe despercebido. O espetáculo vai valer a pena.

Se chegou até aqui no texto, é fã de futebol e ainda não está convencido, preparei três vídeos especiais para si, que juntam futebol americano ao nosso futebol. Se Pirlo, Sergio Ramos e Joe Hart gostam do desporto, talvez você também possa vir a mudar a sua opinião.

Só mais uma coisa: a minha equipa preferida na NFL são os New Orleans Saints, mas como não foram ao Superbowl vou torcer pelos Seahawks, simplesmente porque quer ver este rapaz feliz.







«Um domingo qualquer» é uma crónica quinzenal do jornalista Filipe Caetano