O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

NUNO FERREIRA, PFC ACADEMY (ESTADOS UNIDOS)

«Caros amigos e leitores!

Foi com muito orgulho que recebi o convite do Maisfutebol para renovar a partilha das minhas experiências aqui na América do Norte.

Existem muitas novidades e histórias para partilhar. Existem muitas surpresas.

Hoje irei apenas focar-me na prestação da minha equipa nos dois torneios que jogámos no verão passado na Europa, precisamente na Catalunha e em Lisboa.

Na última semana de junho do passado Verão, a nossa academia PFC deslocou-se do Wisconsin até Barcelona e Lisboa para disputar a Copa Catalunha e o Ibercup. Viajamos com três equipas: Sub17 Feminino, Sub15 masculino e Sub13 masculino.

A meu cargo estava a equipa feminina de sub17 e é nela que me vou fixar.

No que concerne ao nível técnico e tático da equipa eu estava algo descansado, a nível físico tínhamos o problema do jet lag para ajustar. A nível psicológico havia muitas emoções misturadas. Algumas jogadoras excitadas porque estavam na Europa, outras nervosas porque estavam receosas com os jogos, outras mais responsáveis a colaborarem com a equipa técnica no sentido de ajustarmos e canalizarmos as nossas mentes para o objetivo comum, fazer um bom torneio. Comigo estavam o Saul Pett e o Rui de Paiva (treinador de GR).

Os Sub 15 masculinos foram orientados pelo Pedro Borges e Michael Beatty; Os Sub13 masculinos foram orientados pelo Mário Patrício, Luis Filipe Silva e Troy Garris.

A comitiva completava-se com os preparadores físicos Jared e Scott, as massagistas Mary e Heather, e o fotógrafo Alain.

Das 18 atletas que viajaram do Wisconsin, apenas quatro tinham 17 anos. Trouxemos jogadoras Sub13, Sub14, Sub15 e Sub16. Não é fácil para uma atleta de 13 anos jogar contra uma de 17, as diferenças são notórias.

Certamente éramos a equipa mais jovem dos dois torneios. Obviamente não foi possível trazer as melhores atletas uma vez que as viagens foram suportadas financeiramente pelas atletas, nem todas estavam preparadas para pagar a sua vinda, daí trazermos a melhor equipa possível.

Na Catalunha fizemos um excelente torneio: cinco jogos, quatro vitorias, um empate, zero golos sofridos. Na final empatámos a zero e perdemos na lotaria dos penaltys.

Em Lisboa, o nível era mais elevado e terminámos nos quartos de final, mas jogámos contra Espanhol de Barcelona, Bétis de Sevilha (equipas muito fortes) e outras boas equipas também, como o CAC da pontinha.

Juntou-se à nossa equipa a guarda-redes Filipa Franco, atleta amavelmente cedida pelo 1º Dezembro, no torneio Ibercup. Tínhamos alguns problemas com as nossas guarda-redes e pensei na Filipa, uma vez que já a tinha treinado na Seleção de Lisboa quando fui Selecionador Distrital.

Entrando um pouco no padrão social e cultural, as minhas atletas estavam encantadas com a possibilidade de viajar para a Europa e de conhecer os nossos costumes e nossas culturas.

Eu, que sou um amante do nosso Oceano (adoro fazer bodyboard), da nossa comida, da nossa meteorologia, tentei passar às minhas atletas aquilo que é o encanto de Portugal. Muitas delas nunca tinham visto o Oceano, muitas nunca tinham saído dos Estados Unidos e tão pouco estavam habituadas a um calor humano e simpatia como puderam presenciar em Lisboa.

Por vezes esse calor humano, tanto em Portugal como em Espanha foi um pouco exagerado por parte de alguns jovens rapazes de outras equipas (risos). Por vezes nós, equipa técnica, tínhamos de andar com caçadeira na mão para proteger as nossas atletas da curiosidade mais abusiva de alguns jovens atletas encantados com a beleza das nossas; nada de mais, atitude normal dos jovens.

Tenho uma filha, outra a caminho, mas naquele momento senti que tinha 19 filhas. Confesso que não foi fácil gerir aqueles momentos. Passados quatro meses, ainda hoje recordam nas redes sociais com muita saudade a experiência fantástica que tiveram e muitas vão voltar no próximo ano.

Na minha próxima crónica farei algumas revelações importantes e irei dissipar algumas duvidas

Take Care, ill see you soon»