O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

NUNO FERREIRA, ASSOCIATION DE SOCCER DE L’ILE BIZARD (CANADÁ)

«Caros Leitores,

Antes de mais queria desejar um feliz ano novo a todos!

Estou a escrever esta crónica no ATL da minha esposa (Estudaki) na Ramada (Odivelas) rodeado de crianças que estão muitos felizes por pertencerem a este espaço.

Esta crónica está a ser escrita na véspera do nascimento da minha filhota (Vitória). Será o nosso quarto filho. Já merecemos jogar pela equipa das famílias numerosas (risos).

No passado dia 27 de Novembro assinei contrato com uma equipa de Montreal (Canadá), Ile Bizard, contrato válido para as próximas três temporadas com duas de opção. Serei Coordenador técnico e também treinador.

Ao mesmo tempo fui convidado para ser um dos treinadores da Associação de Montreal (funções muito semelhantes às que exerci quando fui selecionador distrital da AFL de futebol feminino). Neste caso irei trabalhar com ambos os géneros, masculino e feminino.

Como surgiram estas duas hipóteses? Eu estava em Montreal a trabalhar para um projeto do FC Liverpool (academias) e num dos treinos dinamizados por mim estavam pessoas ligadas ao Ile Bizard a assistir. A cada treino que passava os responsáveis do clube abordavam-me cada vez mais.

Passado pouco tempo tivemos uma reunião, onde me pediram para eu apresentar um projeto para o clube. Nessa reunião estavam presentes vários diretores do clube inclusive o presidente. Analisaram o projeto e ofereceram-me o contrato.

Só por isto já teria ficado contente, uma vez que assinei um contrato em full time, mas haveria mais uma surpresa para chegar. O presidente do meu futuro clube é também presidente da Associação de Futebol de Montreal. Naturalmente e através do Coordenador técnico da Associação surgiu o convite para ingressar nos quadros da Associação em regime part-time.

Em relação aos fatores climatéricos, apesar de antes ter trabalhado no Wisconsin (USA) onde as temperaturas eram muitas baixas e com muita neve, nada se compara a Montreal. Enfrentei três grandes tempestades de neve e as temperaturas chegaram aos 27 graus negativos, coisa pouca. O português consegue adaptar-se a tudo, somos grandes.

Estou em Portugal neste momento aguardando pelo nascimento da minha filhota, ao mesmo tempo tenho questões logísticas para tratar (relacionadas com o visto de trabalho para voltar ao Canadá para começar o meu trabalho).

Neste momento outros valores se levantam, confesso que tenho o meu coração dividido, o Nuno como homem, como pai, como marido não quer voltar ao Canadá, quer ficar em Portugal com a esposa e os filhos ficando a treinar em Portugal num projeto que possa surgir. O Nuno como treinador deseja regressar para o projeto. 

Um amigo meu disse-me há uns tempos atrás que depois de eu ter estado nos EUA e Canadá já era um treinador internacional. Nunca tinha pensado nisso nesses termos. Fez bem ao meu ego (risos).

Take Care,

Nuno Ferreira»