O Maisfutebol oferece-lhe uma perspectiva do que poderá acontecer no escaldante Benfica-F.C. Porto do próximo domingo. Jorge Castelo, professor na Faculdade de Motricidade Humana, com doutoramento em ciências do desporto na área da metodologia do treino e com vários trabalhos publicados sobre a estrutura e dinâmica do jogo, fez uma análise ao momento actual das duas equipas, às possíveis tácticas e estratégias que os treinadores possam escolher para o jogo da Luz.
Jorge Castelo espera que o Benfica entre mais forte nos primeiros dez/quinze minutos para depois recuar e oferecer a iniciativa ao F.C. Porto. «Nos primeiros minutos o Benfica vai ter a iniciativa do jogo, porque joga em casa e está no primeiro lugar. No entanto, à medida que o tempo for passando, o Benfica vai regressar ao seu padrão que é quando perde a posse da bola fecha-se, joga em contra-ataque, com saída rápidas para o ataque. Vai fazer isto. Não vamos iludir-nos com os primeiros minutos, em que o Benfica vai tentar dar um pouco de sufoco ao F.C. Porto. Isso não se vai prolongar por muito tempo, a não ser que consiga logo um resultado surpreendente como o que aconteceu no Portugal-Rússia», começou por analisar.
Ultrapassados os primeiros minutos, Jorge Castelo espera que seja o F.C. Porto a assumir a iniciativa do jogo, mas isso, defende, não quer dizer que tenha o domínio da partida. «O contrário também vai ocorrer. Depois dos primeiros dez/quinze minutos, o F.C. Porto vai tomando a iniciativa do jogo e, à medida que o tempo for evoluindo, vai ganhando confiança, vai ripostando e vai criando mais situações possíveis de golo. Aqui levanta-se uma questão engraçada. O F.C. Porto tem de entender que, em certos períodos do jogo, o domínio do jogo pode ser artificial: pode ter mais tempo de posse de bola, pode ter possibilidades de jogar mais perto da baliza adversária mas, a qualquer momento, o Benfica pode matar o jogo, numa situação rápida que resulte em golo», alertou.
Quem marcar primeiro, em princípio, não perde
Jorge Castelo acredita ainda que quem marcar primeiro dificilmente perderá o jogo, mas defende que a tendência vai cair para o empate. «Parte-se do princípio que este é um jogo de tendência central, que é empate. Acho que vai haver golos, quase de certeza, mas o resultado pode ser um empate. Acho que a equipa que marcar primeiro tem grandes possibilidades de ganhar o jogo, ou melhor tem grandes possibilidades de não o perder. Vai ser muito difícil à equipa que marcar primeiro acabar por perder o jogo, qualquer que seja a equipa. São duas equipas que, embora estejam em níveis diferentes de desenvolvimento, ainda não têm consistência suficiente para virar resultados. Isso só começa a acontecer, entre equipas de igual valor, lá mais para a frente porque aí conta muito a capacidade do jogador acreditar», explicou.
E se for o Benfica o primeiro a chegar ao golo? «As coisas são um pouco mais difíceis para o F.C. Porto, mas também se coloca outra questão. É que nos momentos importantes, o Benfica nunca deu uma resposta positiva, exceptuando o jogo contra o V. Guimarães. Sempre que teve um jogo muito importante claudicou. No lado do F.C. Porto é preciso arrepiar caminho, a equipa não pode ficar à espera que as coisas lhe vão cair no colo. Se este resultado for um empate, a distância para o Benfica mantém-se e tem de ficar à espera que perca pontos. É o jogo do gato e do rato e quem vai à frente tem sempre vantagens», referiu.
E se for o F.C. Porto a abrir o marcador? «Também vai ser muito difícil para o Benfica virar o resultado. O Benfica sempre que mudou a sua táctica nunca melhorou bastante. Sempre que tentou jogar com dois pontas-de-lança não vi que houvesse algum melhoramento. Sokota e Nuno Gomes são muito iguais e Karadas parece-me que está um pouco desambientado e não se liga bem com os outros dois. Portanto, não estou a ver alterações que possam trazer algo de novo. Neste capítulo, o F.C. Porto tem mais soluções», destacou.