Ao abrir a janela pela manhã, a senhora Danuta Shoystko vê Cristiano Ronaldo. Sacode os lençóis, rega o jardim, serve o pequeno-almoço ao marido e vê Cristiano Ronaldo. «Dzień dobry»! «Bom dia». Lá vai o avançado, já equipado, a caminho do trabalho.

Entre o edifício principal do hotel e os relvados de treinos em Opalenica há uma casinha. Discreta, modesta, quase impercetível ao olhar desatento. Todas as manhãs, à mesma hora, os jogadores da Seleção Nacional passam ali ao portão. São os vizinhos famosos.

O Maisfutebol não pôde deixar de reparar na curiosidade. Dentro do complexo de treinos do Estádio Miejski, sem nada mais à volta, lá esta essa moradia privada. Mas será que aquelas pessoas, simples, estão conscientes do turbilhão que as rodeia?

«Sim, sei que é a equipa de Portugal», responde logo a senhora Danuta. «Fomos avisados e estávamos preparados para esta confusão», explica, surpreendida pelo primeiro jornalista a bater-lhe à porta.

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O grupo é grande, as câmaras de televisão andam para a frente e para trás, a pacatez do dia a dia foi virada do avesso. A curiosidade é normal, principalmente para uma fã assumida da estrela do Real Madrid.

«O Cristiano Ronaldo está cá, sei disso. Sei muito sobre a vida privada dele. Tem um filho que é criado pela mãe e pela irmã. O Cristiano é bonito e muito musculoso», diz-nos, quase ofendida por nos termos atrevido a sugerir a ignorância do casal Shoystko.

Apesar da cordialidade mútua, a comunicação é limitada pela barreira linguística. Esta reportagem, aliás, só é possível pela boa vontade e tradução de um voluntário polaco da UEFA.

«Só os vemos quando passam para o treino. Não podemos falar muito. Acenamos e pouco mais. É uma honra ser vizinha do Cristiano Ronaldo».

A pequena moradia costuma ser habitada por duas pessoas e um bonito cão. Os últimos dias trouxeram um visitante assíduo, porém. «O meu neto tem 17 anos e agora não sai daqui. Soube que está cá o Ronaldo e arranjei-lhe uma autorização para andar aí à vontade».

A dona Danuta e o esposo vivem há 45 anos neste local. Inicialmente apenas rodeados por campos de cultivo; depois, receberam a passagem da linha de comboio; mais recentemente, aprenderam a viver paredes meias com uma unidade hoteleira de luxo.

O desassossego, pelos vistos, vale a pena. «Só há agitação pela manhã. À tarde e à noite nem os vemos. São silenciosos, tudo gente tranquila. Quero que ganhem muitos jogos e continuem nossos vizinhos por mais tempo».



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