Um dia perguntaram a Van Hoijdkonk o que mais o surpreendera em Portugal. Respondeu o holandês que tinha sido a quantidade de homens com bigode. «É uma coisa completamente fora de moda no resto da Europa», disse, numa declaração de embaraçosa ignorância que ajuda a explicar a saída do Benfica.
O bigode português está muito longe de ser moda: é uma afirmação. Esteve em alguns dos momentos mais brilhantes do futebol português. No pontapé de Carlos Manuel em Estugarda, no golo de Vermelhinho em Aberdeen, esteve até na grande penalidade falhada por Veloso na final da Taça dos Campeões.
Portugal: um país, uma selecção...vários bigodes!
Esteve sobretudo na caminhada heróica no Euro 84. Em França a Selecção Nacional deu-se a conhecer ao Mundo debaixo de farfalhuda pelugem facial, nas defesas de Bento e nos dribles de Chalana. O portista Frasco fez parte dessa equipa e lamenta que se tenha perdido a herança do bigode no futebol português.
«Portugal tem no passado uma tradição de bigodes», diz. «Os estrangeiros ficavam admirados com a quantidade de jogadores com bigode. Era uma forma de afirmação nessa altura. Não era por nada, era apenas porque gostávamos. Não era promessa, superstição ou competição, era só porque era tradição.»
Por isso o antigo médio da Selecção Nacional apoia a iniciativa do regresso do bigode à Selecção Nacional. «É giro, é engraçado e tem pernas para andar. Pode até ser uma forma de motivação da equipa. Os jogadores podiam por exemplo deixar crescer o bigode e prometer cortá-lo se forem campeões», atira Frasco.
Os adeptos podem aliás fazer o mesmo. Frasco promete alinhar. «Eu já tenho bigode, já estou a apoiar», brinca. «Mas se for feita essa aposta e se Portugal for campeão, prometo já que corto também o meu bigode». Ele que só arriscou a pelugem facial uma vez. «Quando o F.C. Porto foi à final da Taça das Taças», diz.