Este US Open 2014 está deixar uma série de marcas na história mais recente do ténis com vários registos que não se verificavam (alguns) desde há algumas décadas – de uma forma geral e, muito especialmente, na vertente masculina do ténis. Entre as mulheres, a história é diferente.

Um facto incontornável que ficou garantido desde a conclusão das meias-finais femininas e masculinas no sábado foi que o ano de 2014 terá um vencedor diferente para cada uma das oito finais dos quatro torneios major. Esta situação não acontecia desde 1998.

Mas é no quadro masculino que os factos mais relevantes se concentram depois de Kei Nishikori e Marin Cilic terem marcado lugar na final desta segunda-feira do US Open 2014, o quarto torneio do Grand Slam durante o ano de competição. Há 38 torneios major seguidos que qualquer final tinha tido a presença de um dos chamados «quatro grandes» [os «big-four»] do ténis: Novak Djokovic, Rafael Nadal, Roger Federer ou Andy Murray.

A última vez que houve uma final de um grand slam sem qualquer um daqueles quatro foi na edição de 2005 do Open da Austrália, em que o troféu foi ganho por Marat Safin a Lleyton Hewitt. E foi também em 2005 que se registou a última final entre jogadores estreantes. Kei Nishikori e Marin Cilic nunca tinham atingido a final de um major. Em Roland Garros 2005, Rafael Nadal (vencedor) e Mariano Puerta fizeram-no também em estreia.



E é preciso recuar até 1997 para voltar a encontrar uma final de um torneio do Grand Slam em que ambos os jogadores estão fora do «top ten». Na altura, Patrick Rafter (14º do mundo) venceu Greg Rusedski (20º). Agora, a situação é idêntica: o japonês Nishikori é o atual 11º da classificação; o croata Cilic está em 16º da tabela.

Daquela enumeração até se pode excluir Murray, pois sempre que o britânico ganhou (2) ou perdeu (4) a final de um major foi frente a um dos outros três. Murray está inclusivamente com o seu lugar no «top ten» em risco, pois tanto Nishikori como Cilic podem ficar entre os dez primeiros do mundo após o encontro desta segunda-feira. O japonês entra sempre. O croata entra se vencer a final (já Jo-Wilfried Tsonga sairá sempre do «top ten»).

A final desta segunda-feira do US Open já é, de facto, uma final diferente. Frente a frente vão estar os agora 11º e 16º do ranking, depois de ambos já terem estado (à vez) entre os dez primeiros. O japonês de 24 anos aparece mais à frente na tabela e chegou a ser nº9 do mundo durante três semanas do último mês de maio. Cilic é um ano mais velho e foi durante seis semanas de 2010 (entre fevereiro e abril) também o nº9.



O currículo de Cilic é também superior nos torneios do Grand Slam, pois o croata já tinha experiência de meias-finais (Austrália em 2010). No US Open, Cilic tinha como melhores registos os quartos de final em 2009 e 2012 (atingidos também em Wimbledon neste ano de 2014).

Nishikori tinha como melhor prestação de sempre num major os (únicos) quartos de final no Open da Austrália de 2012; depois de ter aparecido no circuito como a «revelação do ano ATP» em 2008. A chegada ao «top ten» neste ano está a ser confirmada agora que não foi por acaso. Neste US Open, o japonês venceu três jogadores do «top ten» até à final: Stan Wawrinka (o nº4 na 4ª ronda); Milos Raonic (o nº6 nos quartos de final); e o nº1 do mundo, Novak Djokovic (nas meias-finais).



Cilic passou por dois dos dez melhores do mundo: Tomas Berdych (nº7 nos quartos e final) e Roger Federer (nº3, nas meias-finais). O croata está também a confirmar o que também já vinha prometendo antes da suspensão (reduzida após recurso) de quatro meses por doping que o tirou de competição no final do ano que passou.

A confirmação em 2014 do que ambos têm para conseguir no ténis atual vai colocar Nishikori e Cilic frente a frente pela oitava vez. O japonês ganha 5-2 no confronto direto, onde se incluem as duas vezes em que já se defrontaram no presente ano. Agora, será na final de um Grand Slam. Uma coisa ambos já prometeram também: é que o ténis da atualidade pode ter novos capítulos quanto aos seus protagonistas.

Mas nem tudo está sob ventos de mudança. E não é apenas o domínio dos irmãos Bob e Myke Bryan na variante de pares: a quinta vitória no US Open foi a centésima da dupla, neste domingo. Na vertente feminina, Serena Williams, também neste dia 7 de setembro de 2014, voltou a mostrar que há coisas que ainda se mantêm.



A nº1 do mundo venceu a final feminina do US Open batendo com facilidade a dinamarquesa Caroline Wozniaki. Serena é aos 32 anos a líder do ranking mais velha de sempre, posição que ocupa ininterruptamente desde fevereiro do ano passado. E ganhou o seu major de eleição pela sexta vez. A norte-americana conquistou o 18º torneio do Grand Slam em singulares igualando neste ponto Chris Evert e Martina Navratilova.

Na Era Open, à sua frente já só está Steffi Graf, com 22 títulos nos quatro principais torneios. Serena até já desempatou com Roger Federer – quer atingindo esta sexta vitória no US Open, quer passando os 17 Grand Slam. Assim parece que, se entre os homens o cenário está diferente, entre as mulheres há coisas que estão (ainda) longe de mudar...