A história de Vitória de Setúbal e Belenenses merecia mais, muito mais. No regresso deste clássico do futebol português ao principal escalão, o espetáculo foi de fraca qualidade, e resultou no segundo nulo da presente edição da Liga.

Ambas as equipas precisam de pontos para respirar melhor, mas pouco ou nada fizeram para o conseguirem. Em pior situação na tabela classificativa e a jogar em casa, o Vitória de Setúbal tinha uma obrigação ligeiramente maior. E até procurou assumir as despesas do jogo, mas sentiu sempre muitas dificuldades para criar jogadas de perigo. Mais confortável com o nulo, o Belenenses foi controlando o ritmo, mas a contabilidade final de oportunidades até é equilibrada.

O Vitória de Setúbal conseguiu finalmente não sofrer golos esta época, mas sai obviamente mais insatisfeito do que o adversário.

Um sinal: tanto tempo à espera de um remate à baliza

A primeira parte foi fraca, com poucas oportunidades de golo. Foi preciso esperar nove minutos pelo primeiro remate (de Tiago Terroso, torto), e um quarto de hora pelo primeiro lance de perigo. Bruno Sabino veio da direita para o meio e rematou de pé esquerdo, mas Matt Jones defendeu com relativa facilidade.

O avançado brasileiro do Vitória de Setúbal foi mesmo a figura da primeira parte, mas sem grandes motivos para estar satisfeito, já que desperdiçou duas oportunidades para marcar, apenas com Matt Jones pela frente. Primeiro beneficiou de um mau corte de João Afonso mas atirou por cima (34m), e depois apareceu solto na pequena área após um canto, mas permitiu que o guarda-redes contrário lhe saísse aos pés e agarrasse a bola (45m).

Ainda mais tímido do que o Vitória, o Belenenses criou apenas uma situação de perigo na primeira parte, com Diawara a não conseguir desviar a melhor maneira um cruzamento de Filipe Ferreira, lançado na esquerda por um grande passe de João Afonso. A equipa do Restelo ainda teve um livre direto de Miguel Rosa, mas a bola saiu à figura de Kieszek e o médio ofensivo acabou mesmo por lesionar-se nesse lance, e substituído depois por Tiago Silva.

Fazer ainda pior era, afinal, possível

O início da segunda parte foi uma espécie de resumo da primeira: Sabino a perder o duelo com Matt Jones e Diawara com pontaria desafinada a desviar cruzamentos.

Foi como que um sinal. A segunda parte não seria melhor do que a primeira. Bem pelo contrário. Entre cruzamentos para ninguém e remates para a lua, o jogo como que arrastou-se até final.

O Belenenses criou mais duas oportunidades relevantes, ainda assim. Primeiro com um desvio de Sturgeon ao lado (76m), e depois a melhor situação do golo, já em período de descontos, com Kieszek a desviar para a barra um remate de Arsénio de fora da área.

Nesta altura já o Vitória jogava com apenas dez elementos, por expulsão de Miguel Pedro, por agressão a João Meira.