Tremendo jogo no Bonfim a fechar a jornada 22, entre duas equipas homónimas, mas tão diferentes no bilhete de identidade como no ADN que as compõe. Da irreverência à veterania, a chuva abençoou um jogo com suspense de Hitchcock e que foi revolucionado por um internacional português, finalmente renascido no Bonfim: Makukula. Só que em Guimarães existe também um gigante, sem bigode e ainda com cara de menino, que resolveu aparecer nos descontos para deixar o Vitória, de Guimarães, a viver um sonho europeu.

Primeiros os miúdos

Choveu muito em Setúbal e as duas equipas entraram em campo como alguém sem guarda-chuva que procura rapidamente abrigo. Os dois Vitórias protagonizaram um início de encontro bastante mexido, com remates e ocasiões de golos para ambos. O Vitória sadino apoiado num meio-campo experiente formado por Ney, Zé Pedro e Bruno Amaro, o Vitória minhoto tinha apenas Leonel Olímpio para contrapor em idade, mas André André e, sobretudo, Tiago Rodrigues para responder em talento.

O jogo foi lançado também por aí, numa questão de idade. Não era difícil ver que os sadinos tinham mais anos que os visitantes, uma equipa recheada de juventude, mas que procurava atingir um patamar europeu. Mas se o erro é fruto da imaturidade, ele caiu precisamente na defesa dos mais «velhos», numa falha de Miguel Pedro. E esse lance desequilibrou todo o encontro. Até ao minuto 80.

Antes, porém, muita coisa se passou. Desde logo, dois remates de Tiago Rodrigues ao ferro direito de Kieszek e ainda dois tiros ao lado dos sadinos, um de Pedro Santos, outro de Zé Pedro. O golo podia ter caído para qualquer lado, mas um disparate de Miguel Pedro deixou a bola no melhor em campo e Tiago Rodrigues serviu Soudani para o 1-0.

O V. Setúbal vinha para a frente, mas não sofreu o 2-0 porque Kieszek defendeu remate de Ricardo, outro miúdo a dar dores de cabeça aos sadinos. Depois, a equipa da casa teve bola, mas não teve finalização à altura. Os minhotos assumiram postura de contra-ataque, mas só de livre causaram perigo, em cima do intervalo.

Grandes, gigantes, parecem ter dez metros de altura

Ora, se o jogo se lançava em idade, no segundo tempo José Mota resolveu equilibrá-lo em altura também. Amido Baldé foi um bom refúgio quando o V. Guimarães quis jogar longo e assim lutou sempre com os centrais sadinos. Após descanso, o técnico da equipa da casa colocou Makukula para fazer o mesmo do lado contrário.

El Adoua foi o primeiro a sentir a presença do internacional português. O marroquino quase fazia um autogolo na abertura do segundo tempo e quando Makukula desperdiçou de cabeça um golo cantado, já o V. Setúbal estava instalado no meio-campo contrário e, diga-se, já tinha feito para merecer o empate.

Curiosamente, foi o marroquino a marcar na área contrária, um golo que parecia ter acabado com o jogo. Mas, lá está, Makukula renasceu nesta noite. Isolou-se e obrigou Douglas a um penalty. Expulsão do guarda-redes, Cristiano na marca de penalty. Defesa do suplente André, golo de Makukula, após o respetivo canto. Tudo em segundos, tudo demasiado frenético.

Com 1-2 e uma unidade a mais, o V. Setúbal foi atrás do empate. Makukula atirou à trave e Pedro Santos, de imediato, fez o 2-2. Os sadinos tinham o que tanto fizeram por merecer no segundo tempo, para depois deitarem tudo a perder de seguida.

Se Makukula é grande, um gigante com dez metros de altura como diz a canção, Amido Baldé também o é. E num lançamento lateral combinou com Ricardo para bater Kieszek e deixar o V. Guimarães com os mesmos pontos do Rio Ave e com a vantagem de um 1-3 em Vila do Conde. Diz a Liga que isso agora não conta. Mas vão lá contar outra história aos miúdos. Quanto aos sadinos, enquanto tiverem este coração e alma, a permanência estará mais perto.