Foi a última conferência de imprensa como presidente da Liga. Prestes a finalizar um mandato de oito anos, Valentim Loureiro promoveu um encontro com os jornalistas para se despedir publicamente das funções, dar informações sobre a tomada de posse dos novos corpos gerentes e lançar ataques a Pedro Mourão.
Foi, acima de tudo, uma despedida emocionada, mas que não deixou de conter a reacção habitual, muito própria do Major. «Mantivemo-nos nas funções, apesar das críticas e algumas jogadas de bastidores, para ver se não resistíamos e íamos embora. Resisti a tudo isso, porque seria uma irresponsabilidade retirar-me, porque o único órgão da Liga insubstituível é o presidente», abordou, assegurando que a saída do presidente da mesa da Assembleia Geral, Adriano Afonso, aconteceu «por motivos de saúde».
Implacável para com Pedro Mourão, ex-membro da Comissão Disciplinar, Valentim foi duro, apresentando mesmo o mapa de despesas do juiz entre 2002 e 2006, onde consta o pagamento de senhas de presença até 2004. «Andou a comentar nos jornais aquilo que ia fazer e não é normal os juízes anteciparem as suas decisões. Durante quatro anos tive uma única reunião com Pedro Mourão e outros membros da Comissão Disciplinar (CD)», abordou, explicando ainda que «disse que a CD não estava a funcionar porque houve várias reuniões apenas com Pedro Mourão como elemento, quando era formada por três». «Quando eu digo que não está a funcionar, não está mesmo», frisou.
Grande parte da conferência de imprensa foi utilizada para infligir golpes em Pedro Mourão. Para além dos «seis mil e tal contos gastos pela Liga» para «solicitar pareceres sobre a utilização ou não de senhas de presença», Loureiro revelou ainda que o antigo membro da CD demitiu-se não duas, mas três vezes: «Uma primeira vez demitiu-se e depois mandou suspender essa decisão. Posteriormente, aconteceu a 14 de Junho, tendo regressado um mês depois. E agora. Ele justificou que não tinha condições para institucionalmente falar comigo, quando nunca tive relações com ele».
«Presidente da Liga nunca mais»
Com o caminho aberto para a entrada de novas caras na Liga, embora Valentim passe a ser o presidente da mesa da Assembleia Geral, tudo poderá voltar e entrar nos eixos. «A Liga tem funcionado com toda a normalidade. O único problema era aquele que foi decidido ontem», com a anulação da providência cautelar interposta pelo Nacional. Para além disso, o que foi anormal foram as críticas feitas especialmente a mim de uma forma programada para ver se eu desistia», explicou.
O Major aceitou, também, abordar a sua passagem pela Liga, num discurso que terminou de forma emocionada, com a lágrima ao canto do olho. «Foi com muito prazer que estive na constituição da Liga em 78 e, no fundo, toda a vida da Liga passou por mim. Tive muito prazer nesta missão e não ganhei nada com isto. Fiz isto por carolice, mas com profissionalismo. Agora, tenho de sair de cena e só aparecerei nos dias de assembleias. Parto sem saudade, sem mágoa, mas com honra. Fui sempre eleito, nunca nomeado», disse.
Deixou uma última palavra aos funcionários, todos contratados por si, e que agora vai deixar para trás: «Aqueles que trabalham na Liga foram sempre de extrema dedicação. Procurei compensá-los e por isso dizem que eles ganham demais». Em todo o caso, as contas da Liga ficam «desafogadas, com cerca de um milhão de euros disponíveis». Fazendo questão em dizer que nunca viveu momento difíceis no exercício das suas funções, porque resiste «a tudo», admite que é a hora de tomar novos rumos. «Presidente da Liga nunca mais. Tenho 67 anos, embora não pareça, por isso está na altura de me reservar um pouco», concluiu.