A bola paralisa no ar. Aguarda, perene, o pé direito de Marco van Basten. O ângulo é cego, impossível. Rinat Dasaev coloca-se bem, junto ao poste, mas derrete-se num olhar impotente. A trajetória é arrebatadora, impossível. Um dos melhores golos de sempre.

A Holanda é campeã da Europa. Na baliza está o histórico Hans van Breukelen. 24 anos volvidos, o guarda-redes desvenda ao Maisfutebol o segredo daquele pontapé eterno, indestrutível.

«O pontapé do Van Basten não foi fortuito. Foi um evento fenomenal. Nós praticávamos aquilo nos treinos, regularmente», diz Van Breukelen, na véspera do decisivo Portugal-Holanda.

«Não aceito ver a Holanda tão mal»

«Os nossos colegas iam tomar banho e ficávamos alguns com o Van Basten a treinar aquele movimento. Alguém cruzava e ele procurava rematar de um ângulo difícil. No jogo saiu-lhe perfeito, mas ele fazia muitas vezes aquilo nos treinos».

A jogada, condenada a lacrar um espaço nos anais da história, começa numa perda de bola de Alexander Zavarov. Adrian van Tiggelen recupera, lança Arnold Muhren na esquerda e o cruzamento largo deste encontra o destino abençoado.



A memória coletiva relaciona a Holanda-88 a esse golo. Van Breukelen fala numa «análise redutora». «Há dois momentos decisivos na final, creio eu. O penalty que defendi ao Igor Belanov e o golo fantástico do Marco van Basten. Mesmo nesse golo tive alguma responsabilidade», refere, entre risos.

O resumo do Euro-88: