Não foram precisos muitos meses para a «revolução» do Restelo surtir efeito. Metade da época já lá vai, e o Belenenses, para além de liderar a II Liga, está nas meias-finais da Taça de Portugal. Mitchell van der Gaag, o técnico do emblema da Cruz de Cristo, deu uma entrevista ao Maisfutebol.

17 pontos de vantagem na luta pela subida, e presença nas meias-finais da Taça de Portugal. É uma época claramente acima das expectativas?

Por enquanto está a correr bem, mas a II liga é muito competitiva. Ter esta vantagem é bom, mas ainda não ganhámos nada. A Taça é um bónus para a equipa, mas o campeonato é o primeiro objetivo. A Taça costuma ser vista como o caminho mais curto para a Liga Europa, mas não pensamos nisso. Por outro lado sei que o caminho para a meia-final foi relativamente fácil. Defrontámos equipas da 2ª e 3ª divisão, e só na última eliminatória é que defrontámos o Arouca, da nossa Liga. Mas há sempre surpresas, e evitámos essas surpresas. Ainda bem que adiámos o jogo com o V. Guimarães, da primeira mão. Tivemos muitos jogos e podia ter sido um jogo de anti-clímax, pois esperava-se muito da equipa, que estava algo cansada.

Mas no início da época imaginou que, à entrada de fevereiro, estaria nesta situação?

Nunca pensámos muito a médio/longo prazo. Construímos uma equipa nova, com dois jogadores da época passada. A curto prazo queríamos construir espírito de equipa e conhecer os jogadores. O campeonato tem muitos jogos. O melhor para a equipa era pensar dia a dia, evoluir coletiva e individualmente.

Os três dias passados na Escola de Fuzileiros foram muito importantes?

Foi importante para fazer crescer a equipa, criar espírito de equipa. Foi forte, e ainda hoje os jogadores falam disso. Foi uma forma de conhecer melhor a equipa. Correu mesmo muito bem.

Na 4ª jornada são goleados pelo Benfica B (6-0). Temeu que a equipa abanasse nessa altura?

Começámos com três vitórias, e já parecia fácil. Mas não é. Naquela altura não foi bom, pois ninguém quer perder, mas foram só três pontos. Depois ficou a dúvida se a equipa era capaz de responder, por ser nova. Mas deu uma resposta muito forte logo no jogo a seguir, com a Naval, e isso deu confiança e moral. As pessoas à volta também passaram a acreditar mais na equipa. Ainda bem que aconteceu no início da época, e depois de três vitórias.

Tem existido a preocupação de evitar euforias no balneário, ou nem as tem sentido?

É a minha função. Nada está resolvido. Já estivemos a perder 2-0 com menos um, e a equipa mostrou atitude. Deu sempre luta. É normal existir euforia à volta da equipa, pois um clube vive disso, mas a equipa sabe que ainda não ganhámos nada. As pessoas pensam que a subida está já garantida, mas ainda falta muito. Há muitos pontos em disputa. Se entrarmos num ciclo mau tudo pode mudar.

Qual foi a linha que seguiram para a construção do plantel? É um plantel jovem. Foi opção ou também necessidade?

Teve a ver com a vertente financeira, claro. Mas há muita qualidade na II e na III Divisão. Também contratámos jogadores com experiência, como o caso do Diakité, que conhecia do Marítimo. O Matt Jones também foi importante, e já conhecia a II Liga. Os capitães (Duarte Machado, Fernando e Fredy), foram muito importantes no início, para transmitir o espírito do clube. Tudo junto resultou numa equipa que tinha muita ambição e muita motivação.