José Veiga aponta que o problema do Benfica em relação aos jogadores está em plano mais profundo do que ao nível dos jogadores ou do treinador. Em entrevista à TVI a propósito do lançamento do seu livro «Como tornar o Benfica campeão», o ex-responsável pelo futebol da Luz afirma que o problema está nos dirigentes do clube.
Tendo como ponto prévio assumido que o responsável pelos resultados é quem está à frente do futebol [ver artigo relacionado] e, neste caso, o presidente, Veiga destaca que já se chegou a Dezembro e «o Benfica está praticamente fora de todas as provas».
«E quem é que paga normalmente? Ou os jogadores ou o treinador, que são vítimas constantes depois», refere sobre uma gestão dos resultados em que «se continua a cometer os mesmos erros», mas onde o «problema é muito mais profundo».
«O problema não está nos jogadores; não está nos treinadores. O problema está nos dirigentes. [Aqueles] com quem você tem de lutar constantemente estão dentro do Benfica», frisa.
Veiga explica que «a equipa de futebol tem de estar protegida de todas essas pessoas», elementos que «gostam de interferir, de mexer no futebol, sem qualquer conhecimento, sem qualquer base, sem qualquer experiência no futebol».
O ex-responsável pelo futebol da Luz exemplificou que «para despedir um treinador tem que se ter razões válidas e muito sérias». «Não é por perder um ou dois jogos. Tem de haver razões muito fortes.»
Apesar de ter havido «um plenário para despedir Trapattoni», Veiga lembra que o italiano acabou por ficar como contraponto a esta regra de despedimento que tem outro exemplo no actual técnico do F.C. Porto.
«O Jesualdo Ferreira também passou pelo Benfica. Foi despedido, não ganhou nada e neste momento está a ganhar no clube rival. Portanto, não estamos a falar da qualidade do treinador. Estamos a falar da estrutura. Mais uma vez», disse para referir de seguida o caso mais recente.
«E o caso do Fernando Santos é gritante. Um clube, uma direcção, um conselho de administração, têm de analisar o trabalho de um treinador no final da época. Não é no início da época», concluiu.