Sem adeptos nas bancadas, Anfield perde magia e não há espaço para as reviravoltas espetaculares de outros tempos. O Real Madrid foi a Anfield jogar com o resultado que levou de Valdebebas (3-1) e conseguiu suster os melhores momentos da equipa de Jürgen Klopp que chegou a jogar com uma linha de quatro avançados, mas não conseguiu o golo que poderia relançar a eliminatória. O Real Madrid está pela nona vez nas meia-finais nas últimas onze edições da Champions.

Poucas alterações em relação aos protagonistas do primeiro embate, em Valdebebas, com Jurgen Klopp a fazer apenas duas mudanças, com as entradas de Milner Firmino (Diogo Jota começou no banco), e Zinedine Zidane apenas uma, com Valverde, depois da boa exibição no clássico com o Barcelona, a render o lesionado Lucas Vásquez.

Um jogo que começou com o Liverpool ao ataque, como se esperava, com Salah a descer pela direita e Sadio Mané no lado contrário, num jogo muito vertical, apontado direto à baliza de Courtois. Uma entrada forte, com a equipa de Anfield a conseguir facilmente profundidade, diante de um Real Madrid muito permeável nos primeiros instantes do jogo. Salah teve o golo nos pés, logo aos três minutos, a passe de Mané, mas Courtois defendeu com os pés. O Liverpool atacava por todos os lados e, logo nos primeiros cinco minutos, conquistou dois pontapés de canto.

Um golo cedo seria metade do trabalho feito e o Real Madrid sentiu dificuldades em responder ao jogo vertical do adversário. Milner proporcionou a segunda oportunidade da noite, com um remate colocado à entrada da área que obrigou Courtois a voar para a defesa da noite. O Liverpool conseguia criar perigo sempre que conseguia imprimir velocidade ao jogo, obrigando Vinicius e Asensio a dar uma ajuda a estancar o jogo pelas alas dos ingleses.

O Real Madrid só conseguiu reagir aos 20 minutos quando Benzema roubou uma bola a Phillips, entrou na área em drible e, perante a saída de Alisson, atirou ao poste. Um lance que mostrou que o Real Madrid não vinha apenas defender e que acabou por equilibrar o jogo. O Real Madrid conseguiu, finalmente, subir as suas linhas e afastar um pouco o sufoco da área de Courtois. O jogo ficou mais equilibrado e mais duro também, com destaque para uma falta de Fabinho sobre Casemiro e, logo a seguir, outra de Casemiro sobre Milner.

O Real Madrid continuava com dificuldades em estabelecer ligações entre setores, mas nesta altura conseguia ter mais bola e, talvez mais importante, conseguia trocá-la mais longe da sua área. As oportunidades do Liverpool tornaram-se mais escassas, mas a equipa de Klopp ganhou novo fôlego antes do intervalo, com oportunidades de Salah e Wijnaldum.

Klopp arrisca tudo, mas foi Vinícius que esteve mais perto do golo

A segunda parte começou novamente com uma entrada forte do Liverpool, com Firmino a obrigar Courtois a uma defesa por instinto logo a abrir. No entanto, tal como aconteceu na primeira parte, a entrada do Liverpool foi-se esfumando face à boa consistência que o Real Madrid, sempre a jogar com o resultado da primeira mão, foi mantendo em termos defensivos.

Klopp esperou dez minutos, depois arriscou tudo, abdicando de Milner e Kabak, para lançar Thuago Alcántara e Diogo Jota, passando a jogar com uma linha de quatro avançados. O Real Madrid, por seu lado, não arriscava nada. Apenas Vinícius, Asensio e Benzema subiam no terreno, mas o resto da equipa, mesmo Kroos e Modric, mantinha-se fixo na defesa da área de Courtois.

O Liverpool estava, agora, artilhado para ir com tudo à procura do golo, mas numa estratégia arriscada, como se viu num alívio de Valverde que isolou Vinícius que destacado na área do Liverpool, permitiu a defesa de Alisson, que saiu ao seu encontro, a dois tempos, já com Benzema por perto. Zidane também ajustou a sua equipa com a entrada de Odriozola para a defesa do flanco direito, com Valverde a subir no terreno, além da clássica troca de Vinícius, bem mais apagado do que no jogo da primeira mão, pelo compatriota Rodrygo.

A verdade é que as alterações de Klopp não surtiram o efeito desejado, o Real Madrid continuou a controlar o jogo, sem grandes problemas, ao ponto do treinador alemão ter acabado de abdicar de Firmino e Mané, de uma assentada, para voltar a compor a equipa com Oxlade-Chamberlain e Shaqiri. Foi quase como atirar a toalha ao chão. O Liverpool, com muita bola, continuou a chocar contra o muro branco até ao fim, mas a convicção que chegou a demonstrar em certas fases do jogo feita em fanicos.

Fica, assim, marcado um Real Madrid-Chelsea para as meias-finais a caminho de Istambul.