27 de Maio de 1987. Viena. Há precisamente 25 anos, o F.C. Porto entrava na história do futebol europeu, para não mais sair. Nesse dia, iniciou um ciclo de dez presenças em finais, com sete troféus e apenas três desaires.

O Maisfutebol assinala o arranque dessa era com uma galeria de momentos históricos e uma conversa com Juary, o homem que diz ter aberto as portas da Europa ao F.C. Porto. E assim foi, de facto.

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Juary abriu as portas da Europa ao Porto

Juary. O homem que decidiu uma final da Taça dos Campeões Europeus. O homem que fez o golo que deu o primeiro título europeu ao F.C. Porto e deu à equipa a alavanca que faltava para a expansão europeia.

Na hora de se despedir na conversa com o Maisfutebol, Juary esquece os títulos e a glória: «Obrigado por se lembrarem de mim».

A humildade de um campeão a recordar as Bodas de Prata da final de Viena, onde se ajoelhou a agradecer aos céus, segundos depois de dar a vitória ao F.C. Porto.

«O meu golo abriu as portas da Europa ao Porto», diz sem hesitar. E a história confirma-o. Antes de Viena, os dragões tinham uma final europeia perdida, na Taça da Taças, em 1984, frente à Juventus. Depois de Viena...conquistaram mais seis títulos e perderam outros três, ou melhor, sempre o mesmo: a Supertaça Europeia, espinha cravada na garganta do dragão desde a vitória de 1987, com o Ajax.

O F.C. Porto voltou a ser campeão europeu, em Gelsenkirchen, foi duas vezes campeão do mundo, frente a Peñarol e Once Caldas, ganhou a Taça UEFA ao Celtic de Glasgow e a Liga Europa ao Sp. Braga. A Supertaça Europeia é que nunca mais voltou.

Mas aquele final de Viena, com o Bayern Munique, tornou-se inesquecível para o universo azul e branco. Juary nem hesita: «Há datas que não esquecemos por nada».

«Parece que foi ontem. Tenho tudo gravado na memória. A semana antes do jogo, a ida para o hotel, a saída para o jogo...Tenho tantas recordações e todas ótimas, difícil é escolher a melhor», diz o brasileiro.

E a vitória trouxe benefícios para todos. «O Juary cresceu, mas o Porto cresceu mais. Até ali o clube vinha de uma final da Taça das Taças que tinha perdido e não tinha nada de extraordinário. O meu golo abriu as portas da Europa ao Porto e o clube merecia uma coisa assim. Foi um prémio para todos», continua.

«Há um Juary antes e depois daquele jogo»

Dois anos de conhecimento tinham de fazer efeito na hora da decisão. Por isso, Juary nem hesita quando descreve o golo que decidiu tudo, já depois do mítico calcanhar de Madjer.

«Sabia que o Madjer ia meter ali a bola, já eram dois anos a jogar juntos. Depois empurrei e foi uma alegria tão grande...A primeira parte tinha sido muito abaixo daquilo que podíamos dar, mas na segunda jogamos à Porto», descreve.

O golo esse proporcionou-lhe uma sensação «que tão tem explicação». «Nunca mais voltei a sentir nada assim. É um golo que não se esquece. Nunca mesmo», frisa.

«Foi o golo mais importante da minha carreira. Está acima de todos os outros. Foi especial, uma reviravolta em todos os aspetos. Há um Juary antes e um Juary depois daquele jogo. Só tenho de agradecer ao F.C. Porto», conclui.