A história do Villarreal conta quase noventa anos de vida, mas a maior parte deles é para esquecer. O Villarreal como realmente o conhecemos é bem mais jovem que isso: tem uma década. Por detrás desta metamorfose está um nome próprio, Fernando Roig. O accionista e presidente.

Antes dele, o último adversário do F.C. Porto no caminho de Dublin foi um clube de província. Verdadeiramente. Passeou entre a quarta e a terceira divisão durante décadas. Chegou pela primeira vez à segunda divisão nos anos 90. Já o F.C. Porto tinha sido campeão europeu.

Depois veio Fernando Roig, um empresário de sucesso que tem muito dinheiro e gosta de mandar em clubes (antes do Villarreal esteve no Valência). Chegou ao clube em 97/98 e o Villarreal conseguiu uma inédita subida à primeira divisão. Desceu, é certo, mas subiu passado um ano e para sempre.

A partir da mudança de século, então sim, o Villarreal começa a ser o que hoje é: uma das melhores equipa de Espanha. Contrata jogadores como Riquelme, Forlán, Marcos Senna, Nilmar, Sonny Anderson, Robert Pires ou Tommason. Afirma-se, naturalmente, como equipa de Champions.

Pelo caminho consegue por exemplo um segundo lugar na liga espanhola e as meias-finais da Liga dos Campeões, onde chegou depois de eliminar Man. United ou Inter. Caiu aos pés do Arsenal, mas a Europa começava a compreender que aquele clube era para ser levado a sério.

Por falar em pequeno clube, é obrigatório falar no aspecto mais curioso: o Villarreal é de uma pequena cidade com 55 mil habitantes. O que travava naturalmente as ideias ambiciosas de Fernando Roig. O presidente tratou então de procurar público fora da cidade, em toda a região da Comunidad Valenciana.

55 mil habitantes, 99 mil sócios

Através de várias campanhas, o Villarreal consegue esse feito impressionante: reunir 90 mil sócios. Quando a equipa joga em casa, o El Madrigal enche os 22 mil lugares. Mas a cidade continua a funcionar: a maior parte dos espectadores vem das localidades vizinhas.

Também por isso, o Villarreal continua a ter uma base social discreta. A verdadeira força vem da organização e de uma política desportiva acertada. Tem, por exemplo,um orçamento de 68 milhões de euros. O sucesso passa por contratar bem e tirar o melhor rendimento dos atletas.

Um pouco como o F.C. Porto, aliás. A maior aquisição da história do Villarreal foi o brasileiro Nilmar: 12 milhões de euros. A diferença está nos títulos: os espanhóis só ganharam um título da III Divisão e duas Taças Intertoto.

O F.C. Porto, por outro lado, tem um orçamento de 90 milhões e já ganhou tudo. É um papa-taças. O que não deve servir de distracção: a Liga Europa é a aposta de um clube que já eliminou Twente, Bayer Leverkusen e Nápoles, marcou 30 golos e sofreu apenas 12 (contra 36-12 do F.C. Porto).

O italiano Rossi é a figura da equipa, ele que soma 10 golos na prova (Falcao é o melhor marcador com 11), numa formação que conta com a experiência de Marchena, Capdevilla e o veterano Marcos Senna (agora raramente utilizado). O ataque com Nilmar, Rossi e Marco Ruben é o sector mais temível.

Conhecido com o submarino amarelo, depois de nos anos 60 ter festejado a subida à terceira divisão ao som da versão «El submarino amarillo», cantada por Los Mustangs, a cidade já pediu um submarino velho à marinha para fazer um museu do clube, mas a resposta é que era uma ideia ridícula.

EQUIPA TIPO. Diego Lopez; Gonzalo Rodriguez, Marchena, Musacchio e Capdevila; Cani, Soriano, Valero e Carzola; Rossi e Nilmar.

OUTROS JOGADORES: Oliva, Juan Carlos (guarda-redes), Oriol, Ángel, Catalá, Cicinho, Kiko e Mário Gaspar (defesas), Hernán Perez, Matilla, Marcos Senna e Mubarak (médios), Marco Ruben e Montero (avançados).