André Vilas-Boas reconheceu, nesta quinta-feira, que a pressão exercida por Gareth Bale teve papel importante na decisão, por parte do Tottenham, de vender o jogador ao Real Madrid. Sem esquecer o peso da verba em causa, claro está.

«Como o nosso presidente explicou, a partir de certa altura a pressão a que fomos sujeitos, por parte do jogador, foi muito grande, e a influência do Real Madrid no seu estado de espírito tambem. A certo ponto tivemos de equacionar se o jogador teria condições para continuar connosco se recusássemos a proposta do Real, até porque o último jogo dele tinha sido há cinco semanas», começou por explicar o técnico português, presente no Fórum de Treinadores de Elite da UEFA.

«Com este desfecho o jogador ficou contente, porque saiu para um clube maior, o Tottenham ficou contente, porque participou na maior transferência de sempre, e os adeptos serão porventura os menos contentes pela saída de um grande jogador. O caminho para os troféus seria mais curto com ele, mas a sua saída também é um pretexto para que outros jogadores assumam mais responsabilidades», acrescentou.

Confrontado com as declarações de Paulo Fonseca, que disse que o preço de Bale era uma «barbaridade», Villas-Boas respondeu que «não é fácil estar de acordo». «Os preços são ditados pelo mercado. Esta não foi a única transferência acima dos 60 milhões neste verão. A verdade é que no futebol joga-se com emoções, e estas não têm preço. Os 100 milhões não pagam as emoções que Bale suscitava nos adeptos do Tottenham, tal como o Cristiano Ronaldo tinha um valor inestimável para os adeptos do Manchester United, que não foi pago pelos 94 milhões. Mas o Real Madrid gerou esse retorno com o Cristiano, e não duvido que o vai gerar também com Bale», afirmou.

A verba resultante da venda do galês permitiu ao Tottenham garantir reforços sonantes, e Villas-Boas assume o objetivo de conquistar um troféu. «Demonstrámos ser falsa a ideia de que não conseguíamos atrair grandes jogadores por não estarmos na Liga dos Campeões. Não atingimos esse objetivo, e agora queremos retribuir aos adeptos, daí o esforço feito pelo clube. Mesmo perdendo Bale, com estes reforços somos capazes de manter a qualidade e a ambição», disse.

«Necessitávamos sempre de investir, porque tínhamos de substituir alguns jogadores, por outros mais jovens, por isso foi decidido aplicar quase toda a verba proveniente do Bale noutras contratações. O Tottenham é uma equipa que este ano quer ganhar troféus e essa é uma responsabilidade que aceitamos bem», avisou.

Villas-Boas falou ainda de Erik Lamela, um dos últimos reforços, e talvez o mais sonante: «Grande jogador, muito criativo e talentoso. Obviamente que há uma mudança grande, também na sua vida particular, uma vez que é uma pessoa que não fala inglês e vai ter de fazer um esforço grande. Mas o seu talento nunca esteve em causa, já desde os 12 anos, quando foi referenciado por grande parte dos principais scouts europeus.»