Vítor Baía juntou na tarde deste sábado «os seus», amigos mais próximos e companheiros do mundo do futebol, como Co Adriaanse e toda a equipa técnica dos dragões, e a maioria dos jogadores do plantel, à volta da sua autobiografia, numa simbólica e intimista cerimónia realizada no Museu de Arte Contemporânea, em Serralves.
«É um momento muito especial, e também é uma homenagem que lhes presto, tenho aqui as pessoas mais importantes num momento importante da minha vida», referiu o guardião, à margem do evento, manifestando o desejo de continuar a desfrutar do futebol: «Por mim, jogava mais cinco ou seis anos (risos). Agora a sério. Tenho mais ano e meio de contrato, sinto-me bem, quero ajudar o F.C. Porto a vencer as provas em que está inserido e desfrutar. Acima de tudo, continuar a ter prazer naquilo que faço. Temos de ir com calma, sinto-me muito bem mesmo, mas o futuro próximo a Deus pertence.»
Vítor Baía quis reunir as pessoas mais próximas e conseguiu. Faltaram elementos como
Pinto da Costa e Jorge Costa, mas quase tudo foi perfeito para o jogador, numa sala onde se encontravam nomes como Co Adriaanse e restantes elementos da equipa técnica, o corpo clínico dos dragões, representantes da direcção, jogadores do plantel como Paulo Ribeiro, Sonkaya, Bowingwa, Pedro Emanuel, Bruno Alves, Ricardo Costa, Marek Cech, Raul Meireles, Paulo Assunção, Ivanildo, Hélder Postiga, McCarthy ou Sokota, e outras personalidades do mundo do futebol e não só, como Aloísio, Bandeirinha, Hernâni Gonçalves, Luís Campos, Marco Ferreira, Raul Peixoto, Folha, Rui Correia, Rui Águas ou a apresentadora de televisão Sónia Araújo, para citar alguns exemplos de pessoas que captam a atenção dos jornalistas.
A família, claro, os pais e o filho, não podiam deixar de estar presentes, tal como a namorada, Elisabete, com quem apareceu pela primeira vez num evento público. As outras estrelas da tarde foram as crianças da Obra do Frei Gil, que a Fundação Vítor Baía procura ajudar face a algumas dificuldades financeiras.
Um que faz parte da meia-dúzia que consegue singrar no futebol e o silêncio dos cobardes
Manuel Baía, o pai, Conceição, a mãe, e Diogo, o filho, não têm dúvidas: Vítor Baía é o melhor guarda-redes do Mundo. Compreende-se a rapidez da resposta, como se compreende a posição de Manuel quando o jovem Vítor decidiu investir no futebol, em detrimento dos estudos. A resposta do filho ficou para a história: «Queria que ele apostasse nos estudos, porque era um aluno acima da média, e dizia-lhe que o futebol era só para meia-dúzia de jovens que conseguiam singrar e ele chegou a responder-me: Pai, eu sou um dessa meia-dúzia». «Nunca lhe pedi um tostão, ele sempre foi uma pessoa simples, um ser humano lindo por dentro e por fora e merece o sucesso que tem. Acho que devia estar pelo menos entre os 22 que são convocados para a selecção, mas o que é que se pode fazer?», pergunta Manuel.
Outra pessoa que ocupa um lugar especial no álbum de memórias de Vítor Baía é o professor Fernando Luís, um dos responsáveis pela última fantástica recuperação do guarda-redes do F.C. Porto, há cerca de dois anos. O actual coordenador do voleibol do Esmoriz relata a experiência e lamenta a «cobardia» dos responsáveis da selecção nacional. «Foi um orgulho trabalhar com o Vítor. Obrigava-o a dizer todos os dias, nesse período: A recuperação não acontece à velocidade do pensamento, mas sim à do sofrimento do próprio jogador. Ainda agora goza comigo e chama-me o poeta da Afurada. Tem todas as virtudes dos grandes campeões. Só quero dizer uma coisa. O Vítor Baía, o senhor Vítor Baía, não é um Romário, um destabilizador. Pelo menos, merecia que tivessem a coragem de lhe dar uma explicação, um definitivo sim ou não. O silêncio é próprio dos cobardes», concluiu Fernando Luís.