Gérard Lopez assistiu nesta sexta-feira pela primeira vez a um jogo do Boavista no Estádio do Bessa desde que se tornou acionista maoritário da SAD dos axadrezados e antes do jogo com o Belenenses, referente à 9.ª jornada da Liga, falou aos jornalistas sobre o projeto delineado para o clube, questões financeiras e o dinheiro que já investiu no emblema portuense.

«Se já investi 13 milhões? É um bocadinho mais. É mais perto dos 15 milhões de euros. Não vou falar de valores, porque o que mais importa é o plano desportivo. A discussão fundamental que estamos a ter é como é que pode ser construído o futuro do clube. Se pusermos mais 10 milhões no imediato, se calhar vamos ter resultados nos próximos seis meses, mas ninguém pode garantir que isso vai resultar. Portanto, temos de investir de forma inteligente», afirmou o empresário hispano-luxemburguês, que se mostrou confiante de que a receita aplicada ao Boavista criará condições para que o clube volte a lutar pelo acesso às competições europeias a médio prazo, criando bases para o futuro. 

«O projeto é ser um clube competitivo em Portugal. Começar a entrar em competições europeias em dois ou três anos. Queremos ter um clube sólido para muitos anos», salientou, acrescentando: «Sou adepto de equipas jovens, mas que precisem de jogadores com experiência. Esse mix pode dar certo. Quando chegam muitos jogadores jovens a primeira época é sempre complicada. Podem chegar onze Messis com 19 anos que é complicado. Mas, por exemplo, o Lille foi campeão francês com muitos jogadores jovens. Em três anos construí a base para um clube que foi campeão de França à frente do PSG. Não é ser arrogante, mas sei o que vamos fazer pelo Boavista. Não me quero comparar a outros investidores de outros projetos.»

Gérard Lopez explicou ainda o que o levou a investir no Boavista, que garantiu ter sido o primeiro clube no qual esteve interessado. «Nessa altura, acabou por não se concretizar. Aconteceu mais tarde. (...) É um clube com adeptos fantásticos e uma história muito importante. Tem um estádio fenomenal. Adoro o Porto e Portugal tem uma capacidade notável de lançar jogadores com muito talento todos os anos.»

O acionista maioritário negou ainda as notícias que dão conta da existência de salários em atraso na equipa de futebol. «Não é verdade. Os salários estão pagos. Sabia, quando entrei no Boavista, que havia dificuldades, mas essas dificuldades não tinham que ver com as pessoas que estavam. Estou cá para ajudar», vincou.

«Fizemos o comprovativo do cumprimento salarial junto da Liga no mês de setembro. Como é possível termos salários em atraso?», questionou o presidente do Boavista, que também falou aos jornalistas e comentou as acusações do empresário de Alireza, que acusou o clube de não estar a cumprir com ele e com o jogador. «O objetivo dele é forçar o Boavista a pagar a comissão que tem de pagar. De facto, ainda não a recebeu. O objetivo dele é chantagear nesse sentido. O Boavista tem prazos para pagar e há de o fazer. [...] Todas as nossas obrigações estão a ser cumpridas dentro das nossas possibilidades. Quando não podemos cumprir, renegociamos, discutimos as coisas com os nossos credores. Tal como há clubes nos devem dinheiro a nós. Vivemos com dificuldades. Mas nós agora olhamos para o plantel do Boavista e vemos que temos ativos. Há cinco ou seis anos olhávamos para o nosso plantel e pensávamos: 'quem é que podemos negociar?'»

Vítor Murta garantiu que vai recandidatar-se à presidência do clube e da SAD e mostrou-se feliz com o rumo seguido com a entrada de Gérard Lopez. «Para crescer, o Boavista necessitava de investimento privado. Só por si, não poderia voltar a ser o 'Boavistão'. Cada dia que passa tenho mais a certeza que este passo foi bem dado. [...] Temos a equipa inscrita, estamos a fazer um bom campeonato, salários pagos, campo de treinos construído. Antes da chegada do Gérard, o Boavista tinha mais dificuldades do que tem agora. A entrada do Gérard é que nos está a permitir cumprir com as nossas obrigações. Está a nascer um grande projeto desportivo e financeiro. Demora o seu tempo. Temos dificuldades, mas os outros clubes também têm», concluiu o presidente do Boavista.