Vítor Nuno é desde a semana passada o novo titular da baliza do Guimarães. O guarda-redes, natural de Ponte da Barca, atingiu a I Liga pela mão de João Alves, que o levou para o Belenenses. Não se afirmou em Belém e foi cedido ao Lourosa, da II Divisão B, num brusco retrocesso. Aí, Rogério Gomes, um prospector de jovens valores do Vitória, reconheceu-lhe o talento e levou-o para Guimarães, cumprindo actualmente a segunda época no clube. Na temporada transacta só realizou um jogo, justamente na última jornada, frente ao Santa Clara, não conseguindo, contudo, evitar a derrota, por 3-2.  

A época parecia ser sabática quanto a uma eventual titularidade, pois, no início do campeonato, o «Buyo de Guimarães», como já é apelidado, tinha dois concorrentes de peso a negar-lhe aspirações: Tomic e Cândido. O último seria emprestado ao Imortal e, no mesmo instante, Vítor Nuno ganhou maior visibilidade. «Com ele cá seria mais difícil», diz com a naturalidade que se impunha.

O campanha negativa do Guimarães abriu-lhe as portas da titularidade, relegando o alemão Tomic para o banco de suplentes, após se constatar que era um dos guarda-redes mais batidos do campeonato. Alguma coisa havia de ser feita, após mudanças constantes no sector defensivo. Foi na noite da saída da Álvaro Magalhães, depois da derrota diante o Salgueiros, que a Vítor Nuno foi concedida uma oportunidade. Começou a brilhar entre os postes, não conseguindo, mais uma vez, evitar o desaire, ainda que justificando a titularidade nas Aves, já sob ordens e instruções de Augusto Inácio. Vítor Nuno atinge o ponto alto da sua carreira aos 25 anos. 

«Êxitos pessoais para segundo plano» 

Com uma simplicidade fora do comum, a nova «estrela» emergente do plantel vitoriano é parco em palavras. Está visivelmente satisfeito, sobretudo com a última partida. «Ganhámos», lembra, sublinhando de pronto que «os êxitos pessoais estão em segundo plano». «O que interessa», garante, «é que a equipa vença».  

Vítor Nuno dá mostras de sempre ter acreditado que a sua hora iria chegar: «Estava à espera da minha oportunidade». Por isso, no início da época, «não quis ser emprestado». «Queria uma oportunidade», conta, como se já então conhecesse o que o destino lhe reservaria, deixando os olhos reluzir perante o objectivo conseguido. 

Promete «continuar a trabalhar», para «merecer a confiança do treinador» e melhorar as suas «intervenções no jogo». Nem mais, nem menos. Dizem que o jeito e o voo o tornam parecido com Buyo, antigo guarda-redes do Real Madrid. Depois de uma pausa, Vítor Nuno mede as semelhanças e as distâncias: «Vocês é que sabem, mas um dos guarda-redes que mais aprecio é o Peruzzi». 

Quem o conhece sabe que se trata de um temperamental. Nos treinos, incentiva, grita, gesticula, conhece o peso da camisola vitoriana e o que significa o futebol em Guimarães. Ao nível da linguagem, Vítor Nuno consegue comandar melhor a defesa que o alemão Tomic, por razões naturais. A princípio, preferiu não abordar o assunto, mas, perante a insistência, referiu que «a comunicação entre o guarda-redes e o sector defensivo é importante e torna as coisas mais fáceis», não deixando de elogiar o seu companheiro. «O Tomic é um bom guarda-redes. Sabe estar entre os postes e é calmo». Rapidamente muda de assunto e diz ter ficado «surpreendido» com o apoio que a equipa teve nas Aves, explicando em traços gerais a época vitoriana. «Não esperava que os adeptos fossem em tão grande número, porque andam desgostosos, mas é deste apoio que precisamos e não os vamos deixar ficar mal», prometeu.