De volta a Portugal, Lucas Evangelistas foi um dos reforços sonantes do V. Guimarães para a temporada 2019/2020. A primeira abordagem surgiu cedo, mas o brasileiro chegou a perder a esperança após as negociações com o Nantes se revelarem difíceis.

Na Cidade Berço há três meses, o camisola 7 admite que o que encontrou está a «superar as expetativas», ao ponto de já pensar em permanecer no Vitória na próxima temporada. recorde-se que Lucas Evangelista está no Vitória por empréstimo, com uma opção de compra de 4milhões de euros pela totalidade do passe, ou então 2milhões por metade do passe.

Em entrevista ao Maisfutebol o médio refere que ainda tem «muito por onde crescer» esta época, dando ainda conta da «frustração e dor» pelo facto de os resultados não acompanharem as exibições. Mas ainda assim garante que o grupo está empenhado em fazer uma boa época, baseando essa crença no bom trabalho que está a ser desenvolvido e cuja qualidade do futebol praticado assim atesta.

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Maisfutebol – De regresso a Portugal, após uma época em que deu nas vistas no Estoril, como se procedeu a vinda para o Vitória?
Lucas Evangelista –
Desde o início da janela de transferências tive contacto com o Miguel [Pinto Lisboa], que me falou do interesse e dessa possibilidade. Fiquei muito empolgado, por mim tinha vindo no começo da época. Só que os clubes não entraram em acordo. Cheguei a um certo ponto que até fiquei sem esperança de voltar a Portugal, mas no final foi tudo muito rápido, o meu empresário disse-me que as negociações deram certo com o Vitória, fiz logo as malas. Foi uma notícia mesmo muito boa.

MF – Como tem sido a adaptação? Está há três meses em Guimarães.
LE –
A adaptação aqui é muito rápida, o pessoal é todo muito bom, na administração, no balneário, na comunicação, toda a gente me trata muito bem. Acho que isso faz com que me sinta em casa.

Lucas Evangelista numa disputa de bola frente ao Arsenal, no Estádio D. Afonso Henriques.

MF – Esperava tornar-se uma referência da equipa?
LE –
Para ser sincero acho que não sou uma referência, penso que tenho de melhorar muito ainda. Tenho muita coisa a aprender com o Ivo [Vieira] e com os meus companheiros de equipa, procurar crescer, tanto fisicamente como tecnicamente. Se o Vitória conseguir bons resultados, não só eu como muitos outros jogadores vão sobressair.

MF – O que encontrou em Guimarães está a corresponder às expetativas?  
LE –
Até superou, até mais. Sabia o que era o Vitória pelo que falavam, tinha alguns amigos que já aqui tinham jogado. Sentir mesmo o calor do pessoal a tratar muito bem na rua, a dar força, as mensagens nas redes sociais, os adeptos nas bancadas, só quem joga aqui e trabalha aqui todos os dias é que tem noção do que é o Vitória.

MF – Que balanço faz até agora da época do Vitória?
LE –
A cobrança aqui é muito grande, o que é normal dada a grandeza do clube, a sua história e os seus adeptos. Temos o objetivo de terminar a época nos cinco primeiros lugares, o que é difícil, mas olhando ao plantel que temos, ao trabalho do Ivo [Vieira], da equipa técnica e de todo o staff, temos de nos focar e entrar em cada partida como se fosse uma final.

MF - Tem sido unânime que as exibições têm sido melhores do que os resultados. O plantel sente isso, sentem algum amargo de boca por conseguir por em prática um futebol atrativo e depois os resultados não acompanharem?
LE –
Sim. É meio triste e frustrante, porque às vezes fazemos partidas excecionais contra equipas muito grandes como o Arsenal ou o [Eintracht] Frankfurt e o resultado não chega. Mas lembro-me sempre do que o Ivo [Vieira] nos transmite. É triste isso, mas trabalhando bem como temos vindo a trabalhar, com dedicação de toda a gente, com empenho é muito mais fácil para conseguir vitórias jogando bem e organizados do que jogar por jogar e conseguir a vitória. Em dez jogos, se jogarmos bem a probabilidade, sei lá, é oito, se jogar mal a probabilidade de ganhar é um ou dois. Sabemos que estamos no caminho certo e que, com tempo e ajuste de alguns detalhes os resultados vão aparecer.

MF – O Vitória vem de uma derrota no dérbi, um jogo sempre especial, qual é o estado de espírito da equipa?
LE –
É difícil de digerir, pela partida que foi, contra quem foi da maneira que foi. Toda a gente do Vitória e de Guimarães sente isso. Infelizmente há dias em que as coisas não saem como esperamos e acho que temos de virar a página. Ficar a remoer não vai mudar o passado, mas a verdade é que sentimos muito essa derrota, com o tempo a cicatriz vai ficar curada porque temos de virar a página. O mais importante é fazer uma época do nível que o Vitória merece.

MF – O próximo jogo é da Liga Europa, como encaram ainda esta competição?
LE
– Foi a minha estreia na prova, é uma competição que é muito bem vista, todos conhecem as dificuldades. Sabemos a nossa qualidade, fizemos um bom jogo contra o Standard de Liège, temos de nos focar em trabalhar nesta paragem para fazer uma boa partida e fazer um resultado positivo.

Lucas Evangelista a cabecear o esférico, em mais um jogo europeu, no D. Afonso Henriques frente ao Eintracht Frankfurt.

MF – Nas provas internas o Vitória já foi eliminado da Taça de Portugal, a Taça da Liga ganha maior preponderância?
LE – Acho que temos de encarar da mesma forma. Todos os jogos são encarados como uma final, porque todo o ponto é uma soma para nós. Independentemente da competição, se é a Taça, o campeonato ou a Liga Europa, todos encaramos com muita importância e como sendo o jogo da nossa vida.

MF – Apesar dos desaires registados até aqui, a qualidade das exibições permite pensar numa boa época?
LE – sim, seguramente. Quando há resultados negativos, querendo ou não acabamos por nos deixar levar pela emoção do momento, a tristeza e a frustração. Mas, se pararmos e analisarmos com calma sabemos que temos um plantel muito bom, sinto que não há titulares absolutos. Tendo um plantel muito bom, com a nossa ambição temos tudo para fazer uma boa época.

MF – Como tem sido trabalhar novamente com o Ivo Vieira, treinador que também já o tinha orientado no Estoril?
LE –
Encaro de uma forma muito natural. Já conhecia a forma de ele trabalhar, é um treinador com pensamento sólido, tem uma personalidade muito forte, cobra muito dos jogadores e acima de tudo acho que é um treinador muito justo, quem estiver a trabalhar bem, estiver a treinar com intensidade, o que ele cobra muito, certamente tem oportunidades.

MF – Apesar de ainda faltar muito para o fim da época, está em Guimarães por empréstimo do Nantes, com opção de compra, vê com bons olhos a possibilidade de continuar no Vitória?
LE –
Ainda só estou aqui há três meses, mas sinto-me em casa. Todos me tratam bem, estou a ter hipóteses de jogar, de crescer e de ajudar o Vitória, lógico que tem tudo para dar continuidade. Quero fazer uma época, o resto dependerá de mim, do Vitória também, claro, mas passa pela minha cabeça continuar. Ficaria muito feliz.