«Pepa excedeu determinados limites». Foi desta forma que o presidente do Vitória, António Miguel Cardoso, justificou a saída do técnico em vésperas do arranque oficial da temporada 2022/23.

«Estamos aqui há quatro meses e sempre nos propusemos a tentar resolver duas situações. A vertente financeira, que é muito importante, e a vertente desportiva. Para que ambas se resolvessem só haveria uma forma: com reduções salariais, reduções nas despesas, projeção de jogadores mais jovens, vindos da formação ou de outros escalões. (...) No plantel são todos iguais, mas é evidente que os capitães têm mais responsabilidade. O que tem vindo a acontecer desde a nossa entrada é um desalinhamento entre as nossas ideias para salvar o clube e os interesses do treinador, que não está tão preocupado com o futuro do clube», começou por dizer, em conferência de imprensa.

«Repetimos várias vezes isso em reuniões e vocês, começaram a ver declarações do mister Pepa a dizer que a equipa tinha jogadores dos escalões secundários, jogadores que não jogavam há muito tempo e que precisava de reforços. Sem ter nada combinado connosco. Essas declarações não motivam os nossos jovens. Havia claros sinais de que existia um desalinhamento no que respeita ao projeto do clube. Isso ficou claro. A partir daí, tivemos de ser flexíveis uns com os outros e assim fomos. Ontem tivemos uma reunião para falar de uma potencial contratação e o treinador Pepa excedeu determinados limites. A linha foi ultrapassada e eu não tinha outra hipótese a não ser trocar de treinador. O caminho estava perfeitamente desalinhado e acabou ontem. O Pepa e a sua equipa técnica merecem todo o nosso respeito pelo trabalho que fizeram, mas há linhas que não se podem cruzar. (...) Queremos um balneário motivado e não alinhamos em discursos para fora que deixam os jogadores enfraquecidos. Podemos ter umplantel mais barato, mas exigimos rendimento e resultados», acrescentou.

O dirigente do emblema minhoto recusou entrar em detalhes sobre o que se passou na reunião da última terça-feira com o treinador de 41 anos.

«Acho que é claro e não é preciso especificar. Desejo que as coisas corram bem ao mister Pepa. Queremos motivar os jogadores. Os jogadores estão motivados. Ontem reunimos com os capitães e hoje estivemos no balneário. Estou muito mais seguro em relação ao jogo da próxima semana do que estava há uns dias. Não tem a ver com competência, mas com um núcleo que queremos que seja coeso. Se o núcleo não está fechado em algumas situações, temos de ir em frente e de não ter medo de tomar decisões», referiu, garantindo que já há acordo com Pepa para a rescisão de contrato.

António Miguel Cardoso foi confrontado ainda com as críticas que a sua administração recebeu após a venda de Rochinha ao Sporting. O presidente do Vitória sublinhou que não está agarrado ao lugar.

«O Vitória não é o projeto da minha vida. Tem um princípio, meio e fim. Temos família e outros projetos. Com isto quero dizer que estou aqui para defender os interesses do Vitória, mas sem medo de ter de sair. Se há pessoas que não concordam com uma série de decisões é pacífico, vivemos num sistema democrático. Tenho de estar atento e ouvir, mas não deixarei de tomar decisões que sejam importantes para que o Vitória subsista, seja cada vez maior e com um passivo cada vez menor», concluiu. 

Moreno é, recorde-se, o novo treinador do Vitória. O novo técnico frisou que não vai fazer uma «revolução» na equipa e deixou elogios ao trabalho do seu antecessor.

«Mudar a forma de jogar? Era uma parvoíce e não somos parvos. O Pepa é um treinador fantástico e tem uma equipa técnica competente. Tudo o que de bom ele fez, é para dar continuidade. Há coisas que são nossas e vamos trabalhar nessas ideias. Se tivermos tempo, vamos apresentá-las já no próximo jogo. Não vai haver uma revolução», disse.