O Sporting manteve a velocidade de cruzeiro num jogo que virou a estibordo: tudo à direita para acelerar. Depois disso, depois de colocar velocidade no, construiu então um resultado que era para aquela altura mais favorável do que o futebol praticado.
 
Mas vamos por partes.
 
Antes de mais convém dizer que a formação leonina teve uma entrada em campo pertinente para um domingo à tarde: uma entrada em campo aborrecida, melancólica e deprimida.
 
Sem rapidez, sem dinâmica e sem nervo, ia apenas deixando o tempo correr arrastado e lento. Como a maioria dos portugueses faz quando está a acabar o fim de semana.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores
 
Por isso o V. Guimarães ganhou, por exemplo, três pontapés de canto nos primeiros minutos.
 
No entanto, e da primeira vez que rematou à baliza, o Sporting fez golo: Miguel Lopes ganhou uma bola em cima da área adversária, abriu na direita em Carrillo e o peruano cruzou para João Mário cabecear ao segundo poste, numa finalização de ponta de lança que colocava a equipa na frente.
 
Ora a descrição da jogada, praticamente desde o início até ao fim, não é só uma casualidade: serve para mostrar ao leitor como houve um facto de desequíbrio no marasmo que ameaçava ser o jogo.
 
A ala direita do Sporting, claro.
 
Miguel Lopes esteve endiabrado, sempre a apoiar Carrillo, mas também a procurar muitas vezes o espaço interior para arrastar com ele adversários: e com isso deixar mais espaço para peruano.
 
Foi aliás numa dessas incursões para o espaço interior que recuperou a bola, antes do primeiro golo.  
 
Foi também numa dessas incursões pelo espaço interior que Miguel Lopes arrancou um disparo à trave, pouco depois da meia hora. Na recarga Nani rematou para grande defesa de Douglas, mas a bola sobrou outra vez para Nani que voltou a rematar com selo de golo: não fosse o braço de Josué.
 
Grande penalidade que Adrien converteu.


 
Um golo que tranquilizou a equipa, mas não mudou muito a marca do jogo: o V. Guimarães tentava jogar no campo todo mas criava pouco perigo, o Sporting acelerava pouco o futebol.
 
A não ser, lá está, quando a bola entrava na direita: voltou a entrar perto do intervalo, por exemplo, quando Miguel Lopes desceu pelo corredor e cruzou para Slimani cabecear para o terceiro golo.
 
O Sporting chegava assim ao intervalo com uma percentagem impressionante de aproveitamento das oportunidades de golo: para além disso, aliás, sobrou talvez apenas um livre de Jefferson.
 
O jogo, de resto, parecia resolvido.
 
Talvez por isso a segunda parte tenha dado mais V. Guimarães, que aproveitou alguma preguiça do Sporting para criar três ou quatro ocasiões de perigo. Gui atirou ao ferro e Bernard rematou a rasar o poste. O golo no entanto haveria de demorar 82 minutos.

Veja os destaques do jogo: Miguel Lopes, o herói improvável
 
Antes disso, convém dizer que Rui Vitória tirou Bruno Gaspar ao intervalo, lançando Ricardo Valente: o treinador mudou a esquerda da equipa e a ala direita do Sporting acalmou.
 
Tal como o jogo, aliás.
 
Só animou mesmo quando Mané foi derrubado na área, e Nani fez o quarto de penálti, quando Paulo Oliveira viu o segundo amarelo, e deixou o Sporting reduzido a dez, ou quando Kanu reduziu a desvantagem do Vitória com o golo de honra da formação minhota.
 
No final, portanto, uma vitória leonina mais robusta do que admirável, num jogo em que valeu a direita de Carrillo e, sobretudo, Miguel Lopes a evitar ansiedades maiores. Com isto os leões somaram a terceira vitória seguida e reduziram a distância para o FC Porto para seis pontos: o segundo lugar está nesta altura mais perto do que o quarto posto.