Um enredo digno de um romance policial. Um crime, uma história com muita Paixão, um Bebé a sentir-se emocionado no regresso a uma casa que já foi sua. No final, um golpe de teatro. 1-2, reviravolta na Cidade Berço.

Antes de mais, a tese de crime. «Seria um crime este clube não ficar na Liga», disse Jorge Costa no lançamento do encontro. O Paços de Ferreira regressou a Guimarães com o terceiro treinador da época.

Costinha caiu precisamente na primeira volta, na receção ao Vitória. O antigo médio não resistiu à desilusão europeia – numa campanha que teve como palco o D. Afonso Henriques – e ao mau arranque no campeonato.

Henrique Calisto foi o timoneiro seguinte sem colocar a nau pacense em águas tranquilas. Agora é Jorge Costa a tentar inverter a rota.

O Paços de Ferreira vinha de uma derrota caseira frente ao Gil Vicente e o Vitória apresentava um registo de três jogos sem o sabor de um triunfo. Na última jornada, desaire na visita ao Marítimo.

A primeira dose de Paixão

As duas equipas apresentaram várias mudanças, sobretudo no lado visitante. Jorge Costa apostou em cinco trocas e uma estratégia assente num meio-campo reforçado, com Sérgio Oliveira no apoio aos velozes Bebé e Del Valle.

Rui Vitória queria ganhar, jogando bem ou mal, mas a sua equipa foi surpreendida pela bela entrada do Paços. Douglas, que regressou à baliza vitoriana, começou a trabalhar desde cedo.

Seria a formação vitoriana, de qualquer forma, a chegar à vantagem. Com doze minutos de jogo, o enredo recebeu a primeira dose de Paixão. Bruno Paixão considerou que Romeu, após remate violento de André Santos, desviou na área com o braço. O médio parece ter a mão à frente do peito. Duvidoso.

André André aproveitou o momento para inaugurar a contagem. O Vitória cresceu após o 1-0 e parecia comandar o jogo. Porém, o Paços criava a sensação de perigo a cada investida, tendo Sérgio Oliveira e Del Valle nos papéis principais.

Pouco depois da meia-hora, Sérgio Oliveira lança com mestria Seri e este, incomodado por João Amorim, acabou por rematar por cima. Mais alguns minutos e um golo anulado aos castores.

Uma vez mais, sérias dúvidas. Cruzamento na esquerda, Bebé está em posição irregular e mexe-se mas é Filipe Anunciação – que parece estar em jogo – quem desvia de cabeça para o fundo da baliza.

Bebé a pedir desculpa pelo empate

O empate chegaria com a assinatura de Bebé. Antes e depois, o Vitória também desperdiçou um par de belas oportunidades – por Malonga e Marco Matias – mas o Paços não merecia ficar por mais tempo em desvantagem.

Passe soberbo de Seri, Bebé a ganhar espaço sobre a direita e a rematar cruzado, sem hipóteses para Douglas. Era o condimento que faltava para uma boa história. O avançado foi contratado pelo Vitória de Guimarães antes da mudança surpreendente para o Manchester United.

No regresso à Cidade Berço, Bebé não esqueceu a sua origem e pediu desculpa aos adeptos locais pelo desfeita. Uma finalização interessante para um talento que precisa de encontrar um ponto de consistência.

O argumento interessante não disfarça alguma irregularidade exibicional no Estádio D. Afonso Henriques. Aliás, o jogo teve mais emoção que razão. Vários passes falhados e crescente número de faltas, tornando a etapa complementar ainda menos entusiasmante.

A segunda metade deixou promessas de algo mais, com Degra a sacudir após cabeceamento de Marco Matias e Romeu, na resposta, a falhar uma grande oportunidade para o 1-2.

A reviravolta por Sérgio Oliveira

Bruno Paixão foi vincando a sua posição naquele jeito que não agrada a ninguém e o Vitória, sem convencer, ia aumentando o seu caudal ofensivo.

Seria o Paços, na reta final do encontro, a completar a reviravolta. Uma bomba de Sérgio Oliveira, a melhor unidade em campo, premiando a exibição personalizada do Paços de Ferreira. Pelo que fez, em condições adversas, a equipa de Jorge Costa mereceu o triunfo.