O presidente do V. Setúbal admitiu em tribunal que deixou atrasar alguns pagamentos do IVA à Autoridade Tributária porque o eventual não pagamento de salários aos jogadores poderia significar o fim do clube sadino.

«É verdade que não pagámos atempadamente», reconheceu Fernando Oliveira no Tribunal de Setúbal, onde está a ser julgado por dois crimes de fraude fiscal, um deles de forma agravada, devido a atrasos nos pagamentos do IVA à Autoridade Tributária.

«Se não pagássemos os salários aos jogadores, o V. Setúbal não só perdia os ativos - os passes dos jogadores, que poderiam rescindir os contratos e exigir o pagamento dos mesmos -, como também ficava impedido de disputar o campeonato», acrescentou Fernando Oliveira, garantindo que sempre teve a intenção de pagar as dívidas à Autoridade Tributária.

Fernando Oliveira afirmou ainda que o V. Setúbal arriscava-se a perder o contrato de transmissões televisivas, que diz representar mais de 90 por cento das receitas do clube. Essa situação conduziria, inevitavelmente, à insolvência da SAD.

O dirigente do V. Setúbal referiu que os atrasos ocorreram em 2013. «Num período muito difícil em que o Vitória de Setúbal foi surpreendido com várias penhoras por dívidas herdadas», lembrou.

Fernando Oliveira sublinhou ainda que as dívidas foram liquidadas pouco depois do prazo legal estabelecido e deixou a garantia de que os sadinos estão agora a cumprir todas as obrigações fiscais, algumas delas inseridas no âmbito de um Processo Especial de Revitalização (PER). «Desde 2014 já pagámos à Autoridade Tributária sete milhões de euros», apontou Fernando Oliveira.

O filho de Fernando Oliveira, Paulo Oliveira, e o ex-jogador de futebol António Aparício, vice-presidentes da SAD do V. Setúbal, respondem pelos mesmos crimes de fraude fiscal, mas o presidente do clube garantiu que nenhum deles teve qualquer interferência na decisão de adiar os pagamentos à Autoridade Tributária.

No início da audiência desta quinta-feira, o advogado de defesa dos três arguidos pediu para juntar ao processo um conjunto de documentos. A solicitação foi aceite pelo tribunal, mas a Procuradora do Ministério Público não prescindiu do prazo para analisar os referidos documentos, pelo que a próxima sessão do julgamento só terá lugar a partir das 13h30 do próximo dia 2 de fevereiro.

Recorde-se que em novembro de 2016, no âmbito de um outro processo, o presidente do V. Setubal foi condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, devido ao não pagamento de dívidas fiscais.

Os outros dirigentes do clube que também eram arguidos nesse processo, Paulo Oliveira, António Aparício e Vítor Hugo Valente, foram absolvidos porque o tribunal deu crédito à versão de Fernando Oliveira, que, na altura, também se assumiu como único responsável pelos crimes praticados pela Sociedade Anónima Desportiva do Vitória de Setúbal.