Foi coisa de dois minutos, não mais do que isso.

No fundo foi o tempo de Edinho se soltar pela direita do ataque, logo no princípio do jogo, ficar em boa posição para marcar e atirar para defesa de José Sá.

Depois disso só deu FC Porto.

Portanto foi coisa de dois minutos, não mais do que isso, para se perceber que o golo portista seria apenas uma questão de tempo. Mais tarde ou mais cedo ele apareceria para estabelecer diferenças.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

A formação de Sérgio Conceição é nesta altura uma máquina de jogar futebol. Forte, intensa, enérgica. O que faz em campo vem-lhe do fundo da alma. Joga com o coração e com a violência dos sentimentos, um futebol emocional, profundo, quase visceral.

É um futebol à Porto, obviamente, com tudo o que a expressão tem de histórico e sentimental.

O V. Setúbal, por exemplo, fez tudo para retardar o golo portista o mais possível. Apresentou três centrais, subiu a defesa, aproximou as linhas, diminuiu o campo, enfim, roubou espaço ao jogo.

Sem se incomodar muito com isso, o FC Porto pegou na bola e tentou chamar o adversário a sair de trás, para depois através de lançamentos cruzados das laterais para o centro servir os avançados.

Por isso já tinha criado três oportunidades claras de golo quando Aboubakar abriu o marcador. Na sequência de uma bola parada, refira-se já agora, naquele que é outro mérito desta formação.

Mas, lá está, este FC Porto não é uma equipa de rodriguinhos ou lirismos, não é uma equipa romântica ou sensível. Todo ele é suor. Todo ele é tambores, bombos e ritmo.

É uma máquina, nesta noite uma laranja mecânica.

Vale a pena dizer, já agora, que o golo de Aboubakar foi muito contestado por José Couceiro, que até foi expulso por isso. Ninguém pode dizer com toda a certeza, porém, que o árbitro não decidiu bem os lances mais importantes. E ninguém pode dizer, já agora, que o árbitro não teve influência zero na vitória portista.

Claro que depois de fazer o primeiro golo, o caminho ficou aberto. O V. Setúbal teve de ser mais atrevido, teve de arriscar, teve de se fazer à vida. Continuou a defender mal, a falhar nas marcações, mas fê-lo dando mais espaço. O que abriu o jogo e convidou o melhor a ser de facto melhor.

Aboubakar, uma tormenta no Bonfim: veja os destaques do jogo

A partir daí destacou-se o melhor dos melhores: Aboubakar.

Fez o primeiro, o terceiro e o quarto golos, assistiu o quinto e ainda participou na jogada do segundo, a rematar fortíssimo para defesa de Cristiano, criando o desequilíbrio que permitiu a Maxi Pereira atirar ao ferro e Marega encostar para o fundo da baliza.

Ora pelo caminho o camaronês fez o vigésimo golo da época, estabelecendo já esta como a melhor temporada com a camisola azul e branca. O FC Porto, também é muito isto: motivação.

A equipa joga bem, joga ao ataque, os jogadores sentem-se valorizados pelo treinador, acreditam mais neles, por vezes até parece que voam de tão soltos que se sentem, e isso vê-se nos jogos.

Esta noite, aliás, Sérgio Conceição começou por poupar Felipe e Corona, mais tarde ainda retirou de campo Brahimi, Ricardo e Danilo Pereira. Apesar disso a equipa continuou a jogar e a marcar. Mesmo os que saíram do banco mostraram entusiasmo, empolgamento e paixão.

Com isso o FC Porto construiu um resultado robusto e regressou à liderança, de onde ainda não saiu desde o início do campeonato: sozinho ou acompanhado, esteve sempre no primeiro lugar.

Parece fácil, não é?

Veja o resumo do jogo: