Walter regressou ao ativo no Brasil com a camisola do Goiânia, aos 33 anos, acumulando até ao momento quatro jogos - ainda sem golos - na 2.ª divisão do Campeonato Goiano.

Numa longa entrevista ao GloboEsporte, o antigo avançado do FC Porto falou sobre a luta contra o peso ao longo da carreira e os dois anos em que esteve sem jogar devido a um caso de doping.

«Eu passei coisas difíceis na minha favela, na minha comunidade, no Coque, isso aqui para mim não é nada. Quando eu faço os gols, as jogadas, os repórteres não acreditam. Eu não tenho como explicar. 'Como o Walter está com esse peso e consegue correr o campo todo?'. Eu tenho 84 quilos de massa magra. Se põe um cara gordo no jogo, ele não consegue jogar. Eu sou acima do peso dos outros jogadores? Sem dúvida. Por isso meu peso sempre foi diferente dos outros que jogam, o meu foi sempre maior, sou um cara diferente. Mesmo acima do peso, fui o melhor jogador do Brasileiro, Bola de Prata, 29 gols no ano, joguei mais de 55 jogos no ano sem me machucar. Quando eu me machucava, recuperava rápido», salientou o jogador.

Entre 2010 e 2011, Walter conquistou seis títulos no FC Porto: uma Liga Europa, duas Ligas portuguesas, uma Taça de Portugal e duas Supertaças. Porém, o avançado garante que, do ponto de vista financeiro, o regresso ao Brasil foi mais vantajoso. 

Mexe, não tem como, mas eu não ganhei dinheiro no Porto, vim ganhar dinheiro quando voltei do Porto para o Brasil. Eu recebia R$ 15 mil (ndr 2.888 euros) no Inter, aí fui para o Porto e recebi o equivalente a R$ 45 mil (8.655 euros), muito bom, mas voltei para o Cruzeiro ganhando R$ 95 mil (18.293 euros), olha a diferença, e no Goiás continuei ganhando 95. Aí comecei a ganhar dinheiro, aí beleza, e querendo ou não você vai tendo destaque, sobe um pouquinho à cabeça, não tem como.»

«Eu não tinha nada, vim de uma favela, do nada fui para o Inter, do nada para o Porto, grandes jogadores passaram por lá. De vez em quando não cai minha ficha. A gente tem um grupo no Instagram, jogaram comigo Hulk, Falcao García, James, Álvaro Pereira, Fucile, João Moutinho, meu treinador foi o André Villas Boas. Eu joguei com esses caras, fui campeão da Liga Europa, não passa pela minha cabeça. Aí eu mostro pros meninos e eles ficam bestas, e eu também fico besta. Olha os caras que conversam comigo», explica Walter.

O jogador de 33 anos recordou ainda a dura suspensão por doping: «Eu sempre tive problema de peso, mas nunca tomei remédio para emagrecer, dessa vez tomei porque um médico, que não vou falar o nome, liberou, tem as mensagens. E remédio não ajuda em nada, só atrapalha. E eles sabem disso, eu só tinha jogado em time de nível grande, e eles davam risada na hora da votação. Pessoas que votaram em um mês a meu favor, depois mudaram contra. Não existe, não tem como tomar dois anos. Tem o exemplo do Guerrero aí (ex-Corinthians, Flamengo e Inter, hoje no Avaí), nada contra, mas foi pego com outras coisas, ficou seis, sete meses, nem sei. E aí eu peguei dois anos com remédio para emagrecer, que só atrapalha, não ajuda nada. Aí teve um rolo, tenho até pavor de lembrar, foi um dos piores momentos da minha vida.»