«Fazemos parte de um grupo de futebolistas frustrados». A conversa entre o Maisfutebol e Gabriel Valarezo, CEO da Futbol World começou basicamente desta forma.

Este jovem empreendedor está por estes dias na feira tecnológica Web Summit para dar a conhecer um projeto que está agora a dar os primeiros passos mas que mereceu a confiança dos responsáveis da maior feira tecnológica da Europa.

Em poucas linhas, a Futbol World é uma app que pretende aglomerar uma comunidade de futebolistas amadores e ajudar a transformar (se o utilizador assim o quiser) o chamado «jogo a feijões» em algo um pouco mais sério.

«Queremos melhorar a experiência de jogar futebol para os amadores. Procuramos dar exposição aos futebolistas amadores. Nós, amadores, podemos ter uma estrutura sólida e há gente muito talentosa que não é profissional. Segundos dados da FIFA, há mais de 260 milhões de praticantes de futebol no mundo. O nosso público-alvo são cerca de 160 milhões», prossegue Gabriel Valarezo, natural do Equador (à direita na foto).

Esta aplicação já é utilizada em várias zonas do continente americano, onde a Futbol World já estabeleceu parcerias com algumas empresas importantes. «Estamos em Quito [Equador], em Monterrey [México] e em Bogotá [Colômbia]. Agora estamos a tentar expandir-nos para Buenos Aires e Madrid.»

Quer isto dizer que se o leitor for em viagem para um destes destinos e tenha tempo livre para uma peladinha mesmo com desconhecidos, pode agendá-la através da aplicação, propondo-se para uma equipa que ainda tenha vagas. «Posso estar a viajar e não ter com quem jogar. Assim, vejo onde posso jogar em Madrid, em Quito ou em Bogotá, por exemplo.

Mas não é só isto que a aplicação proporciona. «Queremos dar visibilidade ao futebolista amador. Nesta aplicação podemos registar os golos que marcamos, a distância que percorremos durante um jogo, quantos jogos ganhámos e perdemos. Também é eleito um homem do jogo», explica Gabriel.

Para a Futbol World, o objetivo é que os futebolistas amadores se divirtam mas que ao mesmo tempo alimentem o bichinho pelo desporto de uma forma competitiva, até porque, para além da fama que pode ser alimentada se os registos individuais forem significativos, há ainda torneios a dinheiro.

«Alguns jogadores podem levar isto a sério e ver a aplicação como uma forma de ainda tentarem ser profissionais.»

Gabriel Valarezo considera que há por aí muito talento desperdiçado. Gente que não teve oportunidade para tentar o profissionalismo. «Hoje em dia é preciso sorte e há outras condicionantes», sustenta antes de recordar um episódio curioso que lhe foi contado por um amigo durante uma conversa com um jornalista em Inglaterra. «Ele [o jornalista] perguntou-lhe quais eram os três melhores jogadores que já tinha visto jogar e ele falou-lhe de um colombiano, um miúdo chileno e outro italiano. Eram nomes que o jornalista não conhecia e eram todos amadores. Há muita gente boa por aí», observa Gabriel, abrindo as portas a futuras parcerias com clubes. «Claro! Já pensámos nisso.»

A Futbol World é uma entre cerca de 2 mil startups presentes na Web Summit, que se realiza em Lisboa até esta quinta-feira. Depois, parte para outros destinos mas quem sabe a ideia não pega em Portugal. «É um país que respira futebol e vamos buscar parceiros», garante Gabriel Valarezo.