No instante anterior ao início da marcação dos penalties que decidiriam a eliminatória, as câmaras de televisão focam os guarda-redes de Benfica e Penafiel. Abraçados. Vê-se que Zé Eduardo diz alguma coisa a Moreira. «Foi uma brincadeira», conta o jogador do Penafiel ao Maisfutebol. «Recordo-me de lhe ter dito não estavas à espera de ter que chegar até aqui, se perderes vai levar uma assobiadela monumental.
No final, porém, foi o Benfica que ganhou. O que tornou a noite de Zé Eduardo uma decepção. «Fomos brilhantes, mas o que fica para a história é a vitória do Benfica. Ficou um sabor amargo», acrescenta. «À partida para o jogo éramos carne para canhão, mas apresentamo-nos confiantes, pressionámos alto e o Benfica ficou nervoso. Restou o sentimento de quase dever cumprido. Foi frustrante e custa muito perder assim».
Nem tudo foi mau, porém. A prova disso está nas muitas mensagens que Zé Eduardo recebeu esta segunda-feira. Mensagens de congratulações, claro. «Foi o momento mais mediático da minha vida», sublinha. «Mas foi especial sobretudo pelos momentos únicos que vivi dentro de campo com os meus companheiros. Nunca na minha carreira tinha sentido tanta união num relvado. Foi o jogo histórico para mim».
As selecções jovens, a amizade de Moreira e as voltas que a vida dá
A amizade com Moreira já vem de longe. «Conheci o Moreira na selecção regional do Porto». Um defendia as balizas do F.C. Porto, o outro as balizas do Salgueiros: de onde foi para o Benfica. «Depois fizemos todas as selecções juntos até aos sub-21. Eu comecei a ir nos sub-15, ele apareceu nos sub-16». Curiosamente, o bracarense Eduardo raramente era chamado na altura. «Quando um de nós não podia, ia o Beto, do Leixões».
Como a vida dá muitas voltas, Moreira continua no Benfica e Zé Eduardo procura recuperar o tempo perdido em Penafiel. Ele que venceu um torneio de Toulon e chegou a integrar o plantel portista. «Tem a ver com as oportunidades», justifica. «Fui chamado por Octávio Machado, mas na altura o F.C. Porto tinha Vítor Baía, Ovchinnikov, Paulo Santos e Pedro Espinha». Os dois últimos era suposto saírem, mas não saíram.
«Não estava no sítio certo à hora certa», sublinha, com amargura. «Em contrapartida o Moreira apanhou uma fase de transição do Benfica: o Robert Enke em final de contrato, o Bossio nunca tinha dado garantias e por isso apostaram nele. Depois disso estive quase um ano sem jogar devido a uma lesão no ombro, estive no Portimonense e logo a seguir saí para a Roménia, muito novo. Nessa altura desapareci por completo».