Os mais atentos ao Benfica-Penafiel aperceberam-se que Zé Eduardo não era um nome estranho. O guarda-redes tem um passado nas selecções, que percorreu até aos sub-21, fez um estágio com o F.C. Porto e treinou várias vezes no plantel orientado por Octávio Machado. Desapareceu entretanto, até surgir na Luz com a camisola do Penafiel.
Para trás ficaram épocas e épocas no anonimato, depois de ter deixado o F.C. Porto. Uma lesão no ombro obrigou-o a parar quase um ano, seguiu para o Portimonense, deu um salto ao Pampilhosa e emigrou. Meio ano na Roménia, no Progresul, e duas épocas e meia em Israel, no Happoel Jerusalém. «A nível pessoal foi muito bom», garante.
Zé Eduardo tornou-se então o primeiro português a jogar em Israel. Numa transferência com uma história curiosa por detrás. «Fui recomendado a um empresário americano pelo guarda-redes do Manchester United, o Tomasz Kuszczak», conta. «Ele tinha sido meu adversário no Torneio de Toulon e aconselhou-me ao empresário dele».
A primeira promessa era o Cottbus, da Alemanha. A segunda era o Dundee United, da Escócia. «Nem um nem outro se concretizaram e apareceu o Happoel. Cheguei numa quarta-feira e no sábado fui titular. Nem sequer sabia o nome dos defesas. No jogo falei inglês, português, espanhol, francês, uma ou outra palavra em hebraico, enfim», sorri.
Mesmo assim não diz que Israel tenha sido tempo perdido. «Joguei numa liga boa, num país onde o futebol tem qualidade, num lugar muito diferente pela religião mas com qualidade de vida. Apesar de tudo, Israel é um país muito ocidentalizado e onde se pode viver sem alterar os nossos hábitos. Só tenho coisas boas a reter dessa experiência».
O regresso no dia errado, o Boavista e por fim Penafiel para recomeçar
Dois anos e meio depois, apertaram as saudades. «Queria jogar na Liga portuguesa e surgiu a ocasião de jogar no Desp. Aves em Dezembro. Mas mais uma vez não fui feliz. «Assinei contrato e horas depois assinou o Nuno Espírito Santo». Ficou sem vaga. «Os dirigentes falaram comigo e disseram-me que só podiam que inscrever o Nuno».
No ano a seguir foi inscrito mas jogou pouco. «Acho que foi injusto». Então esta época quis mudar de rumo. «Estive a treinar no Boavista, estava a ser titular, mas a situação era muito instável. Num sábado no final do treino Jaime Pacheco falou comigo, disse-me que ia sair e que se tivesse algo mais estável para aceitar. Tinha o Penafiel».
Na II Divisão quer recuperar o tempo perdido. «O Penafiel é quase um recomeço. É uma oportunidade de jogar, de ser visto novamente e de poder chegar à Liga. Sou jovem ainda para guarda-redes. Posso jogar mais oito ou nove anos e as melhores fases dos guarda-redes começam aos 27, por isso ainda vou a tempo de chegar a um bom patamar», diz.