Zinedine Zidane volta à final do Mundial 2006 e ao lance com Materazzi, para explicar por que nunca pediu desculpas ao central italiano pela cabeçada.
«Claro que me recrimino, mas se pedisse perdão também estaria a admitir que o que ele fez foi normal. E para mim não foi. No campo passam-se coisas. Aconteceu-me muitas vezes. Mas ali não aguentei. A minha mãe estava doente. Estava no hospital. As pessoas não sabiam, mas era um mau momento», contextualiza Zizou, em declarações ao jornal «El Pais».
«Mais de uma vez insultaram a minha mãe e nunca respondi, mas ali...», prossegue. «E aconteceu. E pedir perdão àquele... Se fosse o Kaká, um tipo normal, um tipo bom, claro que teria pedido perdão. Mas a este! Se peço perdão falto ao respeito a mim mesmo e a todos de que gosto. Peço perdão ao futebol, aos adeptos, à equipa. No fim do jogo, no balneário, disse-lhes: «Perdoa-me. Isto não muda nada. Mas peço perdão a todos.» Mas a ele não consegui. Seria desonrar-me. Prefiro morrer.»
Zidane falou ainda dos seus tempos de jogador, do seu carácter reservado e das diferenças para a actualidade. Surpreende-o por exemplo o desassombro de Cristiano Ronaldo, quando assume que quer ser o melhor de sempre. «Quer ser o melhor. E di-lo. Mas quando tem a força que tem¿ Uma coisa é dizê-lo e outra fazê-lo. Ele di-lo e depois madruga para se apresentar em Valdebebas às oito da manhã, duas horas antes do previsto. E fica lá seis horas. A gente diz que é fanfarrão, mas é nobre. Bom miúdo e trabalhador. Jogando a cada três dias, não pode fazer disparates e sabe-o. É-lhe igual ter pressão. Se o assobiam, é-lhe igual. Pelo contrário. Ele gosta! Está melhor assim. Eu não gostava nada que me assobiassem. E ele fala. Eu, se puder não falar, não falo.»