Em termos lineares, Mourinho não revolucionou a táctica do Benfica. Tal como Heynckes, continua a demonstrar preferência por uma defesa de quatro elementos, embora já tenha admitido que, noutro tipo de circunstâncias, colocaria apenas três elementos atrás. Arriscou uma vez essa solução - na Madeira - e deu-se mal.  

O jogo da Madeira marca também a única ocasião em que Mourinho se deixou seduzir de início pela colocação de dois pontas-de-lança. Em todos os outros jogos, com excepção de Guimarães, Van Hooijdonk foi o preferido e a equipa evoluiu em torno de uma só referência fixa na área, tal como já sucedera nos cinco jogos orientados por Heynckes. 

Onde Mourinho mexeu de forma clara foi na colocação sistemática de dois homens nas alas em posição adiantada, quase no mesmo plano de Van Hooijdonk. Com Heynckes o Benfica apresentava uma variante mais próxima do 4-5-1. Com Mourinho, a proximidade ao 4-3-3 é mais nítida. 

A meio-campo, Mourinho tem variado entre a colocação de um só homem mais recuado (Meira ou Chano, geralmente), no que parecia ser o seu modelo preferido, e o reforço da consistência defensiva, com dois médios mais recuados e apenas um criativo. Curiosamente, foi com esta segunda variante que o Benfica conseguiu as três últimas vitórias. 

Parece claro, entretanto, que Mourinho não vai alterar muita coisa em relação às ideias-mestras sobre a constituição da equipa, apesar das condicionantes externas - lesões, castigos e ausências de vária ordem. O seu modelo de jogo, em condições normais estará próximo do que era utilizado por Van Gaal no Barcelona - e compreende-se que essa referência esteja presente nos seus conceitos tácticos, até porque o plantel do Benfica, mesmo com todas as limitações, se adequa a essa forma de jogar. 

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