Jesualdo Ferreira deu espetáculo na primeira conferência de imprensa como treinador do Sporting. O professor falou durante mais de quarenta minutos, riu e fez rir, colocou perguntas, chegou até a dizer que aquilo não era uma conferência: «é uma conversa». Pelo meio deixou certezas.

A mais clara foi uma espécie de apelo aos sportinguistas. Colocado perante as muitas dúvidas que o futuro leonino encerra, num dia quente como todos os outros, no qual se questiona Godinho Lopes e se fala com insistência na necessidade de provocar eleições antecipadas, Jesualdo deixou uma aviso.

Bruno de Carvalho promete pagar a Assembleia-Geral

«Com este clima de guerra é difícil construir alguma coisa. Não é essa a via que devem tomar se realmente gostam do Sporting. Num clima de guerra é muito difícil construir alguma coisa positiva. Eu vou colocar-me à parte dessa situação e vou fazer só o meu trabalho», referiu Jesualdo Ferreira.

«E vou fazer tudo para que os jogadores façam também só o seu trabalho. Mas há que ter uma coisa bem clara: qualquer atitude mal pensada pode causar danos irreparáveis. Claroq eu isso depende da consciência de cada sportinguista, mas atenção: pode haver danos irreparáveis para o Sporting.»

Jesualdo falava claro dos movimentos para provocar eleições. «Não é um recado, estamos apenas a pensar: pode haver danos irreparáveis se não houver algumas coisas que sejam corrigidas. Não estou preocupado em ser vítima, mas se isso acontecer é mais uma pedrada na vida do Sporting.»

A pergunta tinha-lhe colocado a dúvida sobre se não temia ser mais uma vítima do cemitério leonino de treinadores. «Estejam descansados, não há problema», reagiu. «Mas isso é uma realidade e não é de agora que os treinadores rodam no Sporting. Não tem apenas a ver com Godinho Lopes.»

Jesualdo está de resto bem ciente dos riscos. «Toda a minha carreira foi arriscada. Sei perfeitamente o risco que estou a correr. Mas face ao momento do Sporting, achei que devia aceitar este desafio. A partir de agora já não há mais justificações para o que fiz, é trabalhar e assumir a responsabilidade.»

«Tiro o chapéu a Godinho Lopes pela coragem que tem»

Por fim, Godinho Lopes. Que opinião tem Jesualdo Ferreira do presidente? Ora o treinador não podia ser mais elogioso. Defendeu que um presidente não precisa de saber de futebol e garantiu que lhe tira o chapéu. «Não conhecia o cidadão Godinho Lopes e espanta-me a capacidade de trabalho.»

«Espanta-me a paixão que tem pelo Sporting e a coragem que tem tido Pela coragem é alguém a quem tiro o chapeú. Entendo que toda esta guerra à volta dele lhe dá mais motivação. É um homem que pela pressão que lhe colocam em cima se torna cada vez mais forte», acrescentou Jesualdo.

«Meus amigos, já conheci presidentes que pensam que são uns sabichões e não são. E conheci outros que o são mesmo. Muitas vezes um presidente define-se pelas pessoas que o rodeiam: não precisa de entender de futebol. Quem o rodeia é que vai fazer dele um bom presidente ou não.»

Leia também:

Jesualdo: «Palavras de Jorge Jesus tocaram-me»

«Em clima de guerra é difícil construir algo no Sporting»

«Negócio Izmailov já estava em andamento»

Jesualdo: «Tive atitude séria e honesta com Vercauteren»

Jesualdo avisa que o Sporting vai reduzir o plantel