O país é a Grécia, a cidade é Atenas. O clube é o AEK, que disputa a segunda divisão do futebol helénico. A unir estes marcos está Hélder Barbosa, jogador internacional português que se revelou no FC Porto e se assumiu no Sp. Braga e que, desde o início da época, decidiu prosseguir a carreira nesta realidade.

Tratou-se, de facto, de uma decisão tomada, de uma decisão «boa» e que não só faz parte do presente como é, ao mesmo tempo, base para o futuro da carreira do avançado português de 27 anos.

É com simplicidade que Hélder Barbosa explica ao Maisfutebol este opção depois da passagem de uma época pela liga espanhola ao serviço do Almería. «Acabou por ser um projeto interessante, numa equipa conhecida na Grécia e também na Europa», afirma o extremo esquerdo contando que pesaram as «boas referências» dadas por outros jogadores portugueses.

«Não me cativou muito a ideia de jogar na segunda divisão, mas o projeto que me mostraram fez com que aceitasse», adverte a partir de Atenas, mas para dar mais força ao que ficou: «Foi uma boa decisão na minha carreira.»

Em 2013, o avolumar de dívidas do AEK levou os dirigentes do clube 11 vezes campeão da Grécia a uma decisão drástica: pela primeira vez, as camisolas amarelas e negras com uma águia bicéfala no emblema não iriam participar na primeira divisão do futebol grego. Em 2013-14, o AEK começou na terceira divisão grega – um escalão amador; com o objetivo de recuperar o estatuto de forma sustentada.

A subida à segunda divisão foi obtida de forma não só fácil, mas com a marca de 23 vitórias três empates e apenas uma derrota. Atual primeiro classificado do segundo escalão grego, defendendo a posição com nove pontos de vantagem, o AEK está em velocidade de cruzeiro para regressar ao primeiro escalão do futebol helénico.

E mantém os números excecionais. Aquela derrota na terceira divisão foi a última sofrida. O AEK não perde um jogo oficial desde fevereiro de 2014 – e neste ano já defrontou na Taça da Grécia três equipas da primeira liga estando a disputar os quartos de final com a quarta: o Olympiakos, em cuja casa empatou o jogo da primeira mão.

«Candidatos a vencer todos os jogos»

Quando no próximo dia 24 o AEK defrontar o Panachaiki para o campeonato da segunda divisão já terá passado mais de um ano civil... Hélder Barbosa só quer falar pela responsabilidade que tem em relação a esta época, mas também já vive com «a pressão dos adeptos e do que rodeia o clube». E vive bem: «Nós, os jogadores sabemos em que clube estamos.»

«Sabemos que somos candidatos a vencer todos os jogos», assume o nº7 do AEK frisando que «o melhor trunfo [da equipa] tem sido jogar como um bloco», «mesmo nos jogos com equipas da primeira divisão, como temos tido na Taça». Estar sempre a ganhar não causa assim tanta pressão em relação ao próximo encontro e «acaba por ser uma boa situação. «Também tive essa experiência de ganhar com o FC Porto», diz Hélder Barbosa que esse é tão só o objetivo: «Ser superior aos adversários» e «ganhar todos os jogos».

De cima do primeiro lugar do segundo escalão, Hélder Barbosa conta que «não passa pela cabeça de ninguém, nem no clube nem entre os adeptos» que o AEK não regresse à primeira liga. «Toda a gente convencida de que vamos subir e nós, os jogadores, temos dado tudo». O jogador português recorda que o clube «subiu com distinção a esta [segunda] divisão» e revela que o emblema da capital «tem-se preparado cada vez mais para a subida» ao primeiro escalão.

«Vamos preparando as bases para a primeira liga», refere o avançado garantindo que, «chegando à primeira divisão, o AEK não vai jogar para os lugares do meio da classificação, vai jogar para os primeiros lugares». Com 11 jogos no campeonato, Hélder Barbosa marcou três golos e fez quarto assistências – na Taça da Grécia fez sete partidas (com um golo e quatro assistências).

«Mais bem recebido do que estava à espera», o internacional português não tem desiludido e confirma que «as coisas correram bem desde o início» na equipa orientada por Traianos Dellas. «Sinto-me confiante. Sinto-me adaptado cá», confessa Hélder Barbosa com a vontade de fazer parte deste projeto. «Assinei três anos com o AEK, não era um contrato de um ano. Era com a intenção de me manter aqui», afirma o jogador reafirmando a convicção: «O meu futuro passa pelo AEK.»

Em Portugal, « estão na frente os dois do costume»

O futuro passa pelo AEK e pela Grécia, onde vive desde o verão passado com a mulher e o filho de dois anos e meio. É uma família portuguesa a viver num país que está na ordem do das reuniões políticas europeias. Hélder Barbosa constata tranquilidade a partir de Atenas: «Acabamos por não reparar muito, nem vejo as pessoas com a preocupação da crise. Pelo menos, no meio em que estou inserido...»

«A Grécia é um bom país para viver. Atenas é uma cidade ótima», assegura Hélder Barbosa destacando o «carinho» de que tem sido alvo, ao invés da conversa sobre a crise: «As pessoas falam, mas não se tem dado grande importância. Não é conversa do dia a dia; não em tão grande escala como se vê em Portugal.»

O acompanhamento de Portugal faz-se também pelo futebol considerando o avançado do AEK que, nesta época, houve «algumas equipas que acabaram por não ser tão fortes» e que «as duas costume estão na frente». «O Benfica está mais à frente», mas «o Porto ainda está a tempo», analisa Hélder Barbosa concretizando que o Sporting dispõe de «uma equipa super boa», mas que «tem vindo a tropeçar». «E agora é difícil», analisa o internacional português lembrando também o Sp. Braga com a realização de um «excelente campeonato».