«Os espiões magiares» é uma série de três conversas com jogadores portugueses que jogam na Hungria e que, ao Maisfutebol, fazem a antevisão da estreia da «equipa das quinas» no Euro 2020 frente à seleção anfitriã, na Aréna Puskás, em Budapeste.

Médio formado no Benfica chegou ao MOL Vidi Féhérvar na última época e revela ter ficado surpreendido com a qualidade do campeonato da Hungria, até por comparação à Bulgária, onde também já jogou.

Sobre o jogo desta terça-feira, na Puskás Aréna, que marca a estreia da Seleção Nacional no Europeu, o jogador de 29 anos destaca a organização e disciplina dos magiares.

Leva já uma época na Hungria. Como qualifica o futebol neste país?

Fiquei surpreendido. Não tinha noção que o campeonato tinha tanta qualidade e intensidade. No CSKA de Sófia jogávamos 80 ou 90 por cento do jogo com bola. Aqui, o jogo é muito em transições e tem de se pensar muito mais rápido. Muito box-to-box, que é a minha posição. Procurava um campeonato mais competitivo e na verdade consegui chegar a esse objetivo. Posso dizer que o futebol é muito mais competitivo na Hungria do que na Bulgária.

O futebol deu um salto qualitativo na Hungria?

Tem havido um grande investimento no futebol. O estádio do Vasas, onde a Seleção treina, tem dos melhores relvados que eu apanhei. Todas as equipas da I Liga têm estádios novos. Várias empresas apostar no futebol aqui, como é o caso do clube em que estou.

Tem quatro jogadores da seleção da Hungria na sua equipa. Eles comentaram o sorteio deste Euro consigo?

Eles acreditam muito que vão passar o grupo. Estão bastante focados.

O que espera do jogo desta terça-feira?

Portugal tem de entrar como favorito, até porque é campeão da Europa, sem subestimar a seleção da Hungria, que é muito organizada e disciplinada e tem muita intensidade. Não vai ser um jogo fácil. Até porque vai ter estádio cheio, felizmente. O país abriu um pouco. Tiraram algumas restrições aqui. O público será um fator importante para a Hungria. Os adeptos puxam o jogo todo pela seleção.

Que jogador a Seleção Nacional deve ter debaixo de olho?

Adam Szalai, do Mainz, fez ainda agora um grande jogo o contra a Irlanda.  O David Siger, médio do Ferencvaros é bom jogador, tal como o Loic Nego, defesa que joga na minha equipa, o Nikolic, que também joga comigo, é um avançado experiente. Mas a Hungria vale pelo todo.

Como tem sido a sua adaptação ao país?

A língua é para esquecer. É muito, muito difícil. Quando vou ao supermercado é quase impossível falar com as pessoas. Falo zero húngaro. Sei dizer «sim» e «não» e algumas coisas do futebol. Muitas vezes, a comunicação tem de ser por gestos. Mas o país é muito europeu. As pessoas são mais abertas do que na Bulgária, por exemplo. Vivo em Székesfehérvár, a 35/45 minutos de Budapeste, o meu filho está no infantário, passa-se bem aqui os dias. Temos tudo aqui na minha cidade.

E como tem sido o regresso à normalidade com a covid?

Já fui vacinado. Tomei as duas doses. Tomei a primeira no final da época e a segunda quando voltei. Foi o clube que agilizou todo o processo.

Leia aqui o «Made in» com Rúben Pinto