Florença ainda o fascina, mas a Fiorentina já não o encanta. No final da época, com contrato até 2004, quis sair. Tinha propostas de sobra, que agitou diante do nariz de Cecchi Gori, o presidente. Talvez a «Fiore» se tivesse tornado demasiado pequena para Rui Costa. Talvez o português tivesse crescido de mais para a «Fiore». Convites não faltavam, provando uma das duas hipóteses. Talvez a segunda, prefere acreditar o jogador, que teria feito dela uma tese, caso existissem cláusulas de rescisão em Itália ou, em alternativa, Gori, inflexível, não tivesse fechado as portas às negociações. 

A questão não se resumia a pormenores de desfazamento, ao encolhimento de um e à ampliação de outro. Rui Costa chegou a manifestar desconforto e tinha, por detrás da pressa, um desentendimento com o presidente. «Gori faltou-me ao respeito, tínhamos sérios problemas». Quais ou de que tipo não disse. «Falhas graves», que prometeu silenciar desde que resolvidas. Não explicou, portanto, esclarecendo que «já estão ultrapassadas». 

Ainda no Europeu de França, as propostas chegavam-lhe de «grandes equipas italianas» e outros «clubes estrangeiros», que voltava a dispensar-se de nomear. O anonimato dos interessados bastava-lhe para chegar onde queria. «Nunca joguei na Fiorentina por não ter mais quem me quisesse. Poderia jogar num colosso europeu, se o presidente me libertasse». A indirecta era justamente para ele. 

Coibia-se, ainda assim, de dizer que havia sido mal tratado. Reacendia a «paixão» de sete anos pelo o clube e pela cidade, mas percebia estar a passar ao lado de um sonho, que ainda se julgava a tempo de agarrar. «Quando deixei o Benfica, o meu objectivo era ganhar, pelo menos, um scudetto», confessava. «Não quero deixar Itália sem ser campeão e espero, ansiosamente, que seja na Fiorentina». Se não for, conforme sugerem as primeiras jornadas do Calcio, Rui Costa terá de inventar forma para se soltar das amarras de um contrato com mais quatro anos de validade e da irredutibilidade de um presidente déspota. Não sabe como, confessa num mecânico encolher de ombros, mas diz-se, «por norma», um optimista.