Por aqui faz-se tudo cedo. O sol brilha menos horas do que no sul da Europa, o que explica por que motivo jogadores e treinadores do Rosenborg já andam de prato na mão apesar de pouco passar do meio-dia.

Por aqui, num dia normal, é assim. Os jogadores juntam-se na Casa do Rosenborg, tomam uma refeição e depois vão treinar. Amanhã defrontam o Benfica, na segunda mão da terceira eliminatória da Taça UEFA, mas nem por isso este deixou de ser um dia como os outros.

Enfim, nem sempre aparecem jornalistas a incomodar-lhes o almoço, mas essa é mesmo a única diferença. Lá fora há neve, gelo e um frio que incomoda. Cá dentro a temperatura aquece. Tudo é agradável. Entra-se por um corredor decorado com fotos de antigas equipas do Rosenborg (numa altura em que ninguém o conhecia na Europa). À direita está a cozinha, mais à frente, na sala, a mesa posta.

Ao longo de meia dúzia de mesas, cadeiras e sofás, adeptos, dirigentes, antigos jogadores e jornalistas convivem. É tudo tão simples que deve ter sido complicado perceber que era possível funcionar assim.

Christer Basma, o lateral que amanhã vai ter a tarefa de tentar parar Simão, explica que «sempre foi assim». O médio Winsnes passa por ali e acrescenta que na Noruega os jogadores não se comportam como vedetas. No fundo, explica, não existe diferença entre eles, os que vestem a camisola no relvado, e os outros, os que a envergam na bancada.

Explica Winsnes que no sul da Europa talvez não fosse possível um convívio assim. No seu modo nórdico de nos olhar, «alguns dos adeptos talvez não soubessem comportar-se devidamente».

Hoje é um dia simples, o jogo é só amanhã. E na quinta-feira, se perderem? «Nenhum problema, os adeptos aparecem, mas, claro, um pouco mais desapontados», suspira Basma. «Conversamos sobre o jogo e no final dizem-nos que da próxima será melhor», colabora Winsnes, outro dos titulares. «Na Noruega o futebol só tem profissionais há 15 anos, por isso nesta Casa as portas estão abertas, não há polícia a pedir identificação e a dizer quem entra e quem não entra», conclui um dos adjuntos de Ola By Rise, o treinador.

De facto. É por isso que a reportagem do Maisfutebol pode estar por aqui a escrever e a escutar todos os segredos do «inimigo». Enfim, não que isso valha de muito¿