Nils Arne Eggen provoca o sorriso. Para alguém da minha geração é impossível não ver nele o avô da Heidi (apesar de este não ter barba), simpática personagem que nos enchia as tardes de uma infância a preto-e-branco.

Claro que Eggen não tem culpa e de resto ele nem sempre foi assim. Basta olhar para uma das muitas fotos de antigas equipas do Roseborg. Está em quase todas. Sempre rosado, muito cedo de cabelo branco, antes com menos uns quilos, fato-de-treino e casaco forte. Hoje já não vai para o banco saltar, mas ainda é a grande figura do clube.

Fala-se com ele e não se percebe exactamente o que faz agora no Rosenborg, um clube que entretanto cresceu e ganhou o respeito da Europa. Haverá no organigrama o lugar de Alma? Se houver, é do velho Nils.

«Depois de 25 anos como treinador, achei que era altura de fazer outra coisa no clube», diz. Um treinador, segundo ele, é alguém que começa no dia 1 de Janeiro a pensar em futebol e só termina a 25 de Dezembro. Tem uma semana de Pai Natal, no fundo. Eggen estava um pouco cansado e achou que «podia ser útil» de outra forma.

Mas, claro, continua a ter opiniões fortes. Por exemplo, rasga um sorriso quando fala no jogo da Luz. «Foi muito melhor o resultado do que a nossa exibição, não foi?». Sim, sorrimos também. «Mas aqui vai ser diferente. Acho que o Rosenborg tem hipótese de ganhar e seguir em frente numa competição importante como a Taça UEFA».

Eggen não sabe muito sobre o Benfica, pois só viu a equipa portuguesa «uma vez». Lá está, se fosse treinador teria de saber tudo, assim pode estar ali descansado na conversa com os rapazes da sua idade enquanto Ola By Rise apanha frio no relvado secundário do Lerkendal. Mesmo assim, diz, acha que o Benfica tem jogadores com boa qualidade técnica, como o resto das equipas portuguesas. «O vosso futebol está na metade superior da Europa», diz.

Agradecemos o elogio. Mas Eggen ainda tem mais qualquer coisa a dizer. «Lembro-me bem dos jogos com o Porto. Enganaram-me algumas vezes. Mas eu também consegui ganhar-lhes». Pois foi, avozinho. Amanhã logo se vê.