No começo da temporada Kenedy surgiu na Madeira bem diferente do que os adeptos do Marítimo tinham na mente, face aos últimos encontros pelo Estrela da Amadora. Não que estivesse com um novo «look» - brincos ou cabelo pintado. O esquerdino estava nitidamente com menos peso. Um ar bem mais leve. Kenedy explicou por quê.

«Senti que estava muito pesado no final da temporada. Então resolvi fazer um trabalho especial para surgir mais leve no início da temporada, pois por certo isso iria ajudar», contou ao Maisfutebol.

Ninguém dúvida que este jogador regressou aos seus melhores momentos aos 27 anos, depois de ter estado no Benfica, FC Porto e de uma passagem pelos franceses do Paris Saint Germain. Jogo após jogo, Kenedy vem contribuindo com grandes jogadas, umas vezes finalizadas por si próprio, outras vezes alimentando os seus colegas mais avançados.

O segredo deste sucesso? Para o «verde-rubro» o trabalho de férias ajudou, e de que maneira. «No Estrela da Amadora a época não correu nada bem. Cedo ficámos condenados a descer de divisão e acomodámo-nos um pouco. Como tal fiquei com mais peso e senti nitidamente que seria prejudicial para mim apresentar-me no Funchal com muito peso», disse. Assim, começou uma aposta que o relançou por certo no futebol português.

Sinceramente, Kenedy nunca pensou vir a jogar da forma «deslumbrante» como vem fazendo. «Sempre estive consciente do meu valor. Mas nunca pensei chegar ao nível que estou. Trabalho muito dia a dia, com muito esforço e sacrifício e tento sempre dar o meu melhor em prol da equipa. Mas não acreditava que nesta altura, depois de algum desalento na Amadora, conseguisse apresentar-me assim», confessou.

Para além da perda de peso, Kenedy não esconde que houve algo mais importante. E foi directo ao assunto: «Cresci como homem, estou mais maduro e tenho um filho e uma mulher maravilhosa. Este é talvez o maior segredo do meu actual sucesso. Sinto que estão bem e o resto vem por acréscimo. Como tal, eu também consigo libertar-me e jogar futebol. Afinal, é o que gosto de fazer».

Nelo Vingada como treinador é diferente

O esquerdino que esta temporada chegou ao Marítimo, como jogador livre, a custo zero, tinha no final da última temporada várias hipóteses para prosseguir a sua carreira. A opção recaiu nos «verde-rubros». E teve um «empurrão. «Já conhecia o professor Nelo Vingada e foi com ele que fui aos Jogos Olímpicos pela selecção portuguesa», começou por relembrar.

Face aos convites que tinha e o projecto apresentado, Kenedy não hesitou: «O Marítimo oferecia um bom projecto e o treinador era Nelo Vingada. Em boa hora tomei esta decisão, pois estou num grande clube. É assim que considero o Marítimo, embora já tenha passado pelo Benfica e FC Porto, que são os chamados grandes». E finalizou: « O mister Nelo Vingada é diferente, pela sua forma de ser e de estar no futebol. Transmite-me uma grande confiança e recuperei a alegria de jogar».

Quanto ao facto de viver numa ilha, Kenedy está totalmente adaptado e diz que foi fácil. «Sinto-me bem aqui no Funchal. É uma cidade muito bonita, as pessoas receberam-me muito bem e são extremamente simpáticas. A minha mulher e o meu filho também gostam de estar aqui e vivemos muito felizes na Madeira», conta.

Chegar à UEFA seria um prémio justo

O médio esquerdo da equipa de Nelo Vingada considera que face ao actual momento do Marítimo e ao calendário até ao final, ainda é possível «sonhar» com uma ida à Europa. «Seria muito bom chegar à Taça UEFA», disse. Para já «há que pensar jogo a jogo e o próximo é nos Açores e por certo bem complicado». Mas ainda «é possível lutar pelo terceiro lugar. É certo que é difícil, mas não impossível. O último jogo é aqui com o Benfica, recebemos o Boavista, vamos a Alvalade, enfim, todos os jogos vão ser duros».

Para Kenedy não há dúvidas que nesta altura do campeonato, «Benfica e FC Porto já estão fora da corrida do título». E quem vai vencer? «Não sei quem será o vencedor, entre Sporting e Boavista, mas um dos dois vai ser campeão. O Sporting é uma excelente equipa e o Boavista é um conjunto à imagem do seu treinador: aguerrido e lutador.»

Leia ainda:

«Sonho que ainda um dia poderei jogar no Sporting»

Kenedy tem «uma esperança» de ir ao Mundial-2002