A herança de Rafael parece não pesar muito no Paços de Ferreira, pelo que foi possível observar na vitória de ontem sobre o Belenenses (3-1). Com a saída do criativo para o F.C. Porto emergiu outro brasileiro. Leonardo, um ponta-de-lança nato, estilo-matador, marcou três golos e agarrou bem forte o lugar de sucessor da «estrela» pacense. 

Os oito golos marcados no campeonato da época passada ¿ mais dois na Taça de Portugal - são a primeira meta a ultrapassar, mas só no primeiro jogo já apontou quase metade (3). Por isso, a ambição é chegar um pouco mais longe, dado que este ano estão reunidas todas as condições para que isso aconteça: «O primeiro objectivo é ultrapassar a meta do ano passado, onde joguei praticamente só a segunda volta, uma vez que fiquei dez jornadas sem ser convocado devido às dificuldades de adaptação ao estilo de jogo do futebol português, que não estava acostumado. No Brasil era tudo diferente. Mesmo assim, vou tentar chegar aos quinze golos, o que seria importante para mim e para o clube, pois significava que estávamos a jogar muito bem». 

No primeiro «hat-trick» que fez em Portugal, Leonardo já usufruiu de uma nova filosofia de jogo do Paços de Ferreira, que concentrou mais atenções no seu ponta-de-lança e menos no sentido de finalização dos médios. Para o brasileiro «a mudança do esquema táctico poderá ser benéfico para a equipa», mas realça que «existem outros atletas com condições para aparecer em situação de finalização», referindo-se obviamente a Zé Manel, Mauro e Everaldo. Claro que, para si, a maior satisfação será sempre se for ele a marcar os golos. 

Ainda no que diz respeito a Rafael, uma verdadeira referência no clube pelo que fez na época passada, principalmente pelos 17 golos que marcou, Leonardo tem consciência que esse será sempre um termo de comparação. «Todos esperam que eu possa suceder a Rafael em termos de golos, o que eu acho positivo. Acho que temos de seguir as coisas boas do futebol e é um facto que ele trouxe muitas coisas positivas para o clube, por isso vou procurar segui-lo», admitiu. 

«Ainda podemos fazer melhor» 

O estilo de jogo utilizado pelo Paços de Ferreira na época passada surpreendeu o país, que viu naquela equipa pertencente a um clube modesto bater-se de igual para igual com os grandes e a dar espectáculo. Sobressaíram figuras como Everaldo, Zé Manel, Marco Paulo, Glauber e Rafael, mas a cobiça de Belenenses, Boavista e F.C. Porto, respectivamente, levou-os para fora da Mata Real. Apesar das saídas relevantes, por lá ninguém perde a esperança de fazer ainda melhor do que na época passada. 

«Estamos confiantes das dificuldades que vamos ter de atravessar, porque tudo indica que este campeonato vai ser ainda mais competitivo», considera Leonardo, que de forma ambiciosa traça as metas para este ano: «Temos de fazer o melhor possível e tenho a certeza que poderemos fazer algo tão bom ou até melhor do que na época passada. Saíram jogadores importantes, mas tenho a certeza que aqueles que foram escolhidos por Mota serão de igual qualidade, pois ele sabe bem o que quer». Mantel o nível técnico «é possível», mas é preciso «dar tempo aos mais novos». 

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