Não foi só na Liga portuguesa (Choupana, Arouca...) que se registaram reviravoltas marcantes neste fim de semana. Em Inglaterra, por exemplo, foi dessa forma que o Chelsea voltou a ser feliz em Anfield (1-2). Cahill foi protagonista involuntário do golo madrugador dos «reds», mas foi também ele que começou a mudar o desfecho, apontando o tento do empate, antes de o inevitável Diego Costa consumar a cambalhota no marcador. Com mais esta vitória, Mourinho confirma-se acentuar a ideia de que, mesmo faltando 27 jornadas para o fim, vai ser difícil fazer descarrilar estes «blues» na caminhada para o título.

Quanto mais não seja, por falta de concorrência: é verdade que o Southampton, de Koeman, e José Fonte, vai esgotando os elogios e se mantém a quatro pontos do comando, com a melhor defesa da prova. Mas, de resto, os teóricos opositores da equipa de Mourinho não se cansam de dar tiros nos pés: o campeão City trouxe, com muita sorte, um pontinho da viagem a Londres, e já está a oito da liderança. O Arsenal fez ainda pior, repetindo a tendência para deixar fugir vitórias nos últimos minutos: permitiu a reviravolta ao Swansea e saiu da zona Champions, ficando a doze pontos (!) do Chelsea e apenas um à frente do Manchester United, cujo destino começa a não ser tão trágico como parecia.

Duas reviravoltas importantes em Inglaterra, outras duas em Espanha. A primeira, no sábado, permitiu ao Barcelona fugir à terceira derrota consecutiva na Liga, algo que nunca lhe aconteceu desde que Messi chegou à primeira equipa. Depois de uma primeira parte desastrosa, os catalães, em plena campanha para o referendo, apoiaram-se num aliado uruguaio: Luis Suárez assinou as duas assistências que deram a volta ao texto e permitiram manter distâncias para o Real Madrid, que goleou o Rayo, com mais um de Cristiano Ronaldo.

Numa jornada marcada pelos atrasos da concorrência aos dois maiores candidatos – Valência e Sevilha marcaram passo em casa - a outra cambalhota no marcador aconteceu ao final da noite deste domingo, em San Sebastian. Foi aí que o At. Madrid, sem Tiago, deixou fugir a vantagem inicial perante uma Real Sociedad que, em onze jogos, só ganhou dois, precisamente ao campeão e vice-campeão europeu. Há coisas estranhas, não há?

Há, claro que há, mas provavelmente nada era tão estranho no futebol europeu como ver o Borussia Dortmund começar o seu jogo com o Moenchengladbach na última posição da Bundesliga – e já com o apuramento na Champions garantido. Mas os 80 mil presentes no Signal-Iduna Park viram a sua equipa começar a sair da twilight zone, com uma vitória que põe fim ao ciclo de 18 jogos sem perder por parte do Borussia Moenchegladbach, que era um dos quatro invictos no futebol europeu, a par de Chelsea, PSG e FC Porto.

Quem agradeceu foi o Bayern, que com mais uma goleada prossegue uma caminhada imperturbável, com desfecho mais do que anunciado: nesta altura já é seguido a distância respeitável pelo segundo, o Wolfsburgo, que venceu com o português Vieirinha a titular.

Real, Bayern e Chelsea, os líderes das três principais ligas europeias, venceram os seus jogos com autoridade, mas nenhum levou a demonstração de poderio a um ponto tão extremo como a Juventus, que assinou a goleada da ronda (7-0), diante do Parma – num jogo que permitiu a Tevez marcar um dos grandes golos da temporada. Desta vez, a Roma não cedeu, mas a «vecchia signora» faz cada vez mais figura de papão, numa série A onde os históricos de Milão continuam a desiludir, semana após semana.

Neste panorama de líderes implacáveis, o Marselha faz figura de excepção: sofreu a segunda derrota em três jornadas, no «clássico dos clássicos» do futebol francês, no Parque dos Princípes e já tem o PSG a um só ponto – com o bónus do regresso de Ibrahimovic, após longa lesão. Em pezinhos de lã, também o Lyon, de Anthony Lopes, tem vindo a encurtar distâncias para o topo, e aquilo que começou por ser uma demonstração da máquina-Bielsa parece estar a transformar-se numa luta a três.

Outro líder que dá sinais de fraqueza - e este com ligações bem mais próximas ao futebol português – é o Zenit S. Petersburgo, que sofreu a terceira derrota consecutiva em casa. Vale a André Villas-Boas, e companhia, que o CSKA, perseguidor mais direto, não tem feito melhor. Isto permite manter os sete pontos de avanço na Liga russa, e atenuar uma crise que, para já, se traduz em duas vitórias nos últimos nove jogos.