Não se assuste com o título da notícia. Os jogadores do Olhanense estiveram na tarde desta terça-feira no Estabelecimento Prisional Regional de Olhão, mas em visita de solidariedade. Acompanhados pelo treinador Daúto Faquirá e pelo director-desportivo Marco Couto, os capitães Rui Duarte, Bruno Veríssimo, Djalmir, Carlos Fernandes e Maurício levaram um abraço e carinho aos 55 reclusos em regime de prisão preventiva, que conviveram e trocaram passes e remates com os craques.

O convite feito por Alexandre Gonçalves, director do estabelecimento, numa iniciativa da psicóloga Petra Filipe, que ali realiza um estágio de psicologia clínica da saúde, foi prontamente aceite pelos responsáveis do clube algarvio, que ofereceram uma bola autografada pelo plantel.

«É uma iniciativa gratificante para nós. Quando nos foi colocada esta ideia aceitámo-la com muito prazer, porque estar aqui, numa comunidade com algarvios e presidiários que acompanham o fenómeno desportivo e que gostam dos jogadores, foi como que trazer-lhes um pouco do exterior aqui para dentro, e isso tem um significado muito especial para nós. Agradou-nos imenso e isso foi comum, foi transversal a todos, foi um momento muito bonito. Para eles foi tão importante como para nós», referiu Daúto

Faquirá, que quando era treinador do Estrela da Amadora já participara numa iniciativa semelhante em Caxias.

Uma bola. Um mundo de felicidade para aquela comunidade que conviveu com os jogadores. Um meiinho, remates a uma baliza defendida pelo guarda-redes Bruno Veríssimo, trocas de passes¿ «com sapatos de vela não te safas», brincou Bruno Veríssimo com um recluso, um quarteirense «polivalente» que quer colocar no Estádio José Arcanjo um ovo de Páscoa gigante, «de fabrico artesanal para angariarmos dinheiro para comprarmos uma máquina de cárdio-musculação, para aliviarmos pressões e stress¿s». «Há aqui gente com jeitinho, vê-se pelo toque de bola que há potenciais jogadores¿.», acrescentou Rui Duarte.

O pedido do ovo foi anuído por Marco Couto, bem como outro feito a Djalmir por um guineense que já foi vizinho de Faquirá em Mem Martins, «bom de bola, o melhor da prisão», que vai receber uma camisola do goleador do Olhanense.

Nem de propósito. Na sexta-feira, o balneário do Olhanense foi assaltado¿.«Aquilo foi um acto isolado que espero que não se volte a repetir. Isto é uma acção solidária que temos com os reclusos. Nenhum de nós tem noção da realidade destes espaços e que estamos agora a conhecer, a ver o dia-a-dia deles, que não é fácil. É um abraço de solidariedade que o Olhanense lhes dá», disse Rui Duarte, que também escutou palavras de incentivo para a equipa. «O estabelecimento prisional é colado ao estádio, não sei se têm algum feedback quando há jogos, espero que sim e que torçam por nós», manifestou o capitão do Olhanense.