A FIGURA: Marcelo Carné

Bela exibição do guarda-redes que conquistou a baliza do Estoril, destronando Daniel Figueira. Chegou a Portugal em janeiro, pela porta do Marítimo, e mudou-se para a Amoreira no defeso. Providencial a evitar a vantagem precoce do FC Porto, defendendo o castigo máximo batido por Mehdi Taremi, com uma excelente intervenção. Tapou ainda os caminhos da sua baliza a Jorge Sánchez (45+2m) e Francisco Conceição (50m), mantendo o nulo e permitindo à sua equipa ir à procura de algo mais, como viria a acontecer. Não teve tanto trabalho como seria de esperar na reta final do encontro e resolveu os problemas sem grande dificuldade.

O MOMENTO: um arco vindo da Escócia (75m)

Minuto 75 no Estádio do Dragão, nulo no marcador. Perda de bola imperdoável de Nico González, o talentoso Rafik Guitane foge a David Carmo e é derrubado à entrada da área. O árbitro marca erradamente penálti, corrige a decisão e os adeptos portistas respiram de alívio. Porém, Jordan William Holsgrove pega na bola e desenha um arco perfeito, vindo da Escócia, balançando as redes à guarda de Diogo Costa. Uma obra de arte do médio de 24 anos.

FICHA DE JOGO

CRÓNICA DO FC PORTO-ESTORIL

OUTROS DESTAQUES:

Francisco Conceição

À imagem de Galeno, Francisco Conceição é um desequilibrador nato, um jogador que gosta de assumir riscos, avesso a jogo pausado, de pé para pé, fã da vertigem e disposto a falhar. É o que acontece a quem mais tenta. E o filho de Sérgio Conceição falhou, é certo, mas foi quem mais incomodou a defensiva do Estoril – sobretudo Tiago Araújo – ao longo do encontro. Teve duas oportunidades para marcar (29m e 50m), assistiu Evanilson com perigo (33m), furou uma e outra vez da direita para o centro, com a bola colada ao pé esquerdo. Foi um oásis num deserto de ideias, enquanto durou, e saiu visivelmente irritado.

Rafik Guitane

O jogador franco-argelino tem uma qualidade técnica muito acima da média e poderia atingir outros patamares se apresentasse maior consistência exibicional. Agiganta-se nos grandes momentos e voltou a demonstrar o seu talento frente a um «grande», desta feita em pleno Estádio do Dragão. Colocou a defensiva portista em sentido ao longo do encontro e conquistou o livre que originou o golo do Estoril no reduto do FC Porto.

Pepe

O jogo terminou com o capitão a assumir a iniciativa de visar a baliza do Estoril, procurando contagiar uma equipa em desespero e jogadores com receio de errar, fugindo às responsabilidades. É uma referência deste FC Porto e impressiona pela disponibilidade física, sempre no limite do risco, sempre à procura da felicidade. Um exemplo.

Alan Varela e David Carmo

As duas unidades menos inspiradas do FC Porto. O médio defensivo tem de perceber rapidamente que não pode ser apenas isso, um médio defensivo à moda argentina, um 5. É argumento curto para um setor intermediário a dois, em que ambos devem assumir a responsabilidade de pautar o jogo portista. A qualidade não está em causa, mas o raio de ação é demasiado limitado. David Carmo, por seu turno, acumulou intervenções menos felizes ao longo do encontro, provocando o desespero dos adeptos portistas, denotando crescente perda de confiança a cada falha.