Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional fizeram  uma paragem obrigatória na Irlanda. Na semana em que acabou o campeonato, dou a conhecer o novo (que não é assim tão novo) líder antes de retirar esta liga da rota do meu GPS.

Numa forma absolutamente incrível, que até permitiu perder na penúltima jornada devido à forte rotação do plantel, o Dundalk não deu hipóteses à concorrência, deixando o Cork City a 7 pontos e o Derry City, terceiro, a 15 pontos, duas equipas que vão assim disputar a pré-eliminatória da próxima edição da Liga Europa. Já os bicampeões, conhecidos como Lilywhites numa alusão às suas camisolas brancas, garantiram a entrada na fase preliminar da Liga dos Campeões.

Na Champions League desta época o Dundalk eliminou o Bate Borisov, freguês conhecido dos portugueses, e caiu no play-off frente ao Legia, seguindo para a fase de grupos da Liga Europa.

Glória ao vencedor

O Dundalk pulverizou o campeonato irlandês de 2016 ao acabar com um registo impressionante. Foram 25 vitórias em 33 jogos, numa liga que se disputa com 12 equipas e a três voltas, suportadas num 4x4x2 clássico que teve no eixo os seus dois pontos de referência: Horgan e McMillan... mas já lá iremos.

Comandados por Stephen Kenny, um ainda jovem técnico de 45 anos, que já orienta os Lilywhites há quatro anos depois de passagens pelo Derry City e Shamrock Rovers, a equipa praticou quase sempre um futebol atrativo pelos flancos, que valeu muitos golos: 73 para ser preciso. Se no Derry este treinador conseguiu transportar para os seus jogadores uma cultura interessante de vitória, já no Shamrock, o clube mais titulado da Irlanda, isso não aconteceu, levando-o à mudança para uma casa que vai conhecendo cada vez melhor e onde tem conseguido impor-se em definitivo como o melhor da League of Ireland. Deixou agora uma forte marca ao contribuir decisivamente para que o Dundalk se sagrasse bicampeão (ambos os títulos consigo) pela primeira vez na sua história e divida agora o bronze do palmarés com o Bohemian (com 11 troféus), atrás do Shelbourne, que tem 13, e do isolado Shamrock Rovers, com 17.

A equipa do Condado de Louth dominou a Liga através do jogo com bola e da largura, mas foi no corredor central que melhor soube tirar vantagem do desgaste que conseguia provocar nos adversários, fruto do desnivelamento favorável com que partiu para a maioria dos jogos. Embora no papel, isto é, no esquema táctico, Finn aparecesse lado a lado com Daryl Horgan, o talentoso médio de 24 anos tinha maior liberdade para aproximar à área e usufruir do seu pontapé de meia distância, que se revelou decisivo em muitas partidas. Horgan, na minha opinião o jogador mais maduro da competição, apontou 10 golos, tantos como havia feito em 2015, solidificando a sua presença na Irlanda e piscando o olho a campeonatos mais interessantes.  Campeonatos em que David McMillan aos 27 anos já não pensará, mesmo tendo sido o melhor marcador da equipa com 16 golos apontados na liga e ainda 5 na fase da qualificação da Champions. Trata-se de um avançado móvel, com 180cm, que tem particular facilidade nas combinações em tabela de costas para a baliza, tendo surpreendido pelo seu alto grau de eficácia, que não caracteriza a sua carreira. Melhor do que ele só... Sean Maguire, a única pedrada no charco do Dundalk em 2016. O ponta de lança de 22 anos fez 18 golos na sua época de estreia pelo Cork City após ter sido dispensado (o leitor já adivinhou) pelos atuais campeões, onde só teve a oportunidade de realizar seis partidas em 2015. É caso para dizer que para os Lilywhites, este ano, deu para tudo...