É a terceira lesão esta época, mas vendo bem já vem de trás. Desde que se lesionou no jogo de Liga dos Campeões com o PSG, a 2 de abril, Lionel Messi tem tido problemas físicos recorrentes. Agora é uma rotura muscular no biceps femoral da perna esquerda, diz o Barcelona, que estima em seis a oito semanas o tempo de paragem. Ou seja, 2013 terá acabado para Messi. E ele não vai ter saudades deste ano.

Messi marcou desde janeiro 42 golos, o seu pior registo dos últimos anos. Bem menos de metade do ano estratosférico de 2012, que terminou com 91 golos, mas também abaixo dos 58 que marcou em 2011, ou dos 62 com que terminou 2010. Esta época, apesar de manter números de fazer inveja a qualquer mortal, está abaixo da sua média. Tem 14 golos noutros tantos jogos pelo Barcelona, mas não marca para a Liga espanhola há cinco jogos, desde 28 de setembro, o seu maior período de seca.

O que quererá dizer esta instabilidade física ainda é cedo para perceber, mas os sinais dos últimos meses não são animadores para o melhor jogador do mundo, dono do título nos últimos quatro anos. No final do jogo deste domingo com o Bétis, o treinador Gerardo Martino admitia que não sabia o que se passava. «Não sei por que acontece, se é ou não coincidência. Também não sei muito bem que fazer para que não se repita», dizia, citado pelo «El País.»

O tipo de lesão de que sofre Messi tem uma recuperação muito complicada. Dizem os especialistas e diz quem já passou pelo mesmo. Fabregas notava isso mesmo ainda no domingo, antes de conhecer o diagnóstico do Barça sobre a lesão de Messi. «Passei por essa lesão e passei um calvário. Durante ano e meio não estive bem, é uma lesão muito chata. O Messi tem de parar o tempo que for preciso para poder recuperar a 100 por cento e continuar a ser o jogador determinante e explosivo que é», dizia o jogador catalão.

E que pode representar isto para o Barcelona? Para já, talvez não muito. A equipa tem conseguido lidar com as ausências de Messi, pelo menos por enquanto. Os números dizem que o Barcelona não quebra sem o 10. Em 236 jogos com Messi, o Barcelona conseguiu 71,1 por cento de vitórias. E nos 28 jogos que teve de realizar até agora sem ele a média até é superior, chega aos 89 por cento. Bem diferente, por comparação, da influência de Cristiano Ronaldo no Real Madrid. Quando não tem o português, o Real cai de um registo de 74 para 64 por cento de vitórias.

Mas estamos a falar de ausências esporádicas de Messi, e não prolongadas. Dessas não tem havido muitas. Aliás, antes deste ciclo negro e desde o início dos anos de ouro do Barça (em 2007/08, quando chegou Pep Guardiola), Messi foi de uma regularidade impressionante. Jogava muito e jogava sempre. Entre abril de 2008 e abril de 2013 (cinco anos!) apenas parou duas semanas, em setembro de 2010, depois de uma entrada de Ujfalusi no jogo com o At. Madrid.

Mas esta não é a primeira vez que tem lesões musculares. O jornal «El Mundo Deportivo» fazia hoje uma lista das lesões de Messi e contava 11 no total, nove das quais musculares, precisamente nos músculos da coxa, tanto na perna esquerda como na perna direita.

A questão é que metade dessas lesões aconteceram nos últimos sete meses. Recuemos ao início deste processo. Naquela noite de 2 de abril de 2013 no Parque dos Príncipes, quando se jogava a primeira mão dos quartos de final, Messi até marcou um golo na primeira parte, mas já não voltou para a segunda, com um problema muscular no biceps femoral da perna direita. Parou, mas uma semana depois, no Camp Nou, o Barcelona precisou dele quando as coisas se complicaram. 

Depois do 2-2 em Paris, o golo de Pastore, aos 50m do jogo da segunda mão, ameaçava a continuidade dos catalães em prova. E foi preciso chamar Messi. O 10 entrou aos 62 minutos e dez minutos depois esteve na origem do golo do empate do Barça, marcado por Pedro, que assegurou a presença nas meias-finais. 

A seguir, Messi voltou a parar. O Barcelona garantiu que a entrada frente ao PSG não agravou a lesão, mas o argentino voltou a parar, falhou dois jogos da Liga e só voltou para a primeira mão da meia-final da Liga dos Campeões, aquele atropelo do Bayern Munique, que despachou o Barça com uma vitória por 4-0. 

Foi poupado da segunda mão, voltou a jogar para a Liga, mas saiu de novo lesionado de um jogo a 12 de maio, frente ao At. Madrid. Falhou o que restava da Liga.

O Barça foi de férias e quando voltou Messi não pareceu a 100 por cento, apesar de ter passado parte das férias numa espécie de «tournée» em jogos com «amigos» pela América do Sul. Em Agosto foi poupado do último jogo da digressão da equipa pela Malásia e falhou o particular da Argentina com a Itália. 

Começou apesar de tudo a época normalmente, marcando dois dos sete golos do Barça ao Levante. Mas voltou a lesionar-se na primeira mão da Supertaça, frente ao At. Madrid, de novo um hematoma no «biceps femoral esquerdo», de novo na tal zona da coxa. Falhou o jogo seguinte, com o Málaga, depois voltou.

Um mês depois, repetiu-se o filme. Frente ao Almeria, o músculo cedeu à meia hora e Messi saiu. Dessa vez foi na perna direita, segundo informava o Barça, e custou-lhe mais dois jogos de fora (Celtic e Valladolid). 

Desde então tem jogado com regularidade, embora menos eficaz e preponderante do que é proverbialmente na equipa do Barça. Estava no seu período mais longo a jogar desde o tal início de abril, sete jogos. Mas neste fim de semana, frente ao Bétis, caiu outra vez. Rotura muscular na coxa esquerda, de novo.